Por Virgilio Marques dos Santos

A incessante busca por aceitação é um traço intrínseco da condição humana, influenciando comportamentos e orientando escolhas. Tanto no mundo real quanto no digital, essa procura por aprovação e atenção tem se intensificado, frequentemente desviando as pessoas do que é genuinamente valioso em suas vidas e carreiras.

Historicamente, a necessidade de ser aceito sempre foi central para a experiência humana. Na sociedade contemporânea, essa ideia extrapolou as interações pessoais, ganhando uma nova faceta no ambiente digital. As redes sociais tornaram-se um palco onde muitos esperam aplausos virtuais, medidos em curtidas e compartilhamentos.

Mas, além do digital, no mundo real, isso se manifesta através de gestos grandiosos, como festas extravagantes e presentes caros, muitas vezes mais para impressionar do que para celebrar genuinamente.

Na teoria de Maslow, a necessidade de estima e reconhecimento é fundamental para a autorrealização. Contudo, quando distorcida, essa necessidade pode levar a um ciclo vicioso de busca incessante por aprovação externa. No mundo real, isso pode se traduzir em ostentar status por meio de bens materiais ou eventos sociais; no mundo virtual, manifesta-se na obsessão por curtidas e seguidores.

O mercado da aceitação

Essa ânsia por aprovação tornou-se um mercado lucrativo. No ambiente digital, vemos o surgimento de serviços que vendem curtidas e seguidores, alimentando a ilusão de popularidade e sucesso.

No mundo real, a indústria de eventos e presentes extravagantes prospera, capitalizando sobre o desejo de muitos de impressionar e serem aceitos. Vale ressaltar como esse fenômeno não afeta apenas indivíduos, mas também a sociedade em geral, transformando a procura por aceitação em uma indústria em ascensão.

Para os profissionais e estudantes que vão ingressar numa carreira corporativa, essa armadilha é especialmente perigosa. O foco excessivo na aparência de sucesso – seja por meio de um perfil de mídia social altamente curado, ou de uma vida repleta de luxos e ostentações – pode desviar a atenção do desenvolvimento real de habilidades e do progresso na carreira. Vivemos para a aprovação dos outros, em vez de construir uma trajetória profissional autêntica e satisfatória.

Com esse texto, convido você a reconsiderar essas prioridades. A verdadeira satisfação não vem do número de curtidas ou do brilho de uma festa, mas do desenvolvimento pessoal, das relações genuínas e do trabalho significativo. Em um texto sobre carreira, é fundamental destacar a importância de focar no que realmente importa: habilidades, aprendizado contínuo e relações autênticas.

Neste contexto, é vital reconhecer as armadilhas da busca por aceitação, tanto no mundo real quanto no virtual. Devemos questionar: estamos procurando curtidas e atenção para validar nossa autoestima ou estamos construindo uma vida e carreira baseadas em valores reais e sustentáveis?

O desafio é encontrar um equilíbrio saudável. É possível usar as redes sociais e participar de eventos sociais de maneira que complemente, e não domine, nossa vida e carreira. A chave está em encontrar uma validação interna, ao invés de uma aprovação externa constante.

Ao focar no desenvolvimento pessoal e profissional autêntico, e não na incessante aprovação, podemos construir carreiras significativas e vidas gratificantes. Como diria o filósofo, a vida é muito curta para que possamos apequená-la. Pequenos mimos em troca de elogios vazios e atenção efêmera não serão suficientes para ocupar o vazio deixado por uma vida sem a introspecção e a reflexão necessárias.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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