6 de maio de 2024

Nove em cada dez estudantes confiam em seus professores e 87% os enxergam como exemplos positivos

Nove em cada dez estudantes afirmam confiar em seus professores e 87% os enxergam como exemplos positivos. Essa constatação faz parte da pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias, realizada pelo Datafolha a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

O estudo também mostra que os docentes têm boa proximidade com os estudantes, pois 81% dos alunos contam que não possuem problemas na relação com seus professores, enquanto que apenas 19% discordam dessa afirmação. Os períodos de Alfabetização e Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) têm maior facilidade no relacionamento (87% e 86%) em comparação com os Anos Finais (6º ao 9º ano) e Ensino Médio, com 77% e 78%, respectivamente.

Na interação com as famílias, 72% dos estudantes e seus familiares responderam que contam com os professores para esclarecer dúvidas, com percentuais mais altos entre os alunos de Alfabetização (78%) e Anos Iniciais (77%). Os docentes da região Sul aparecem como os mais receptivos, com 82%; em contrapartida, na região Norte essa prática ocorre com menor frequência, registrando 67%.

Para 87% dos responsáveis dos estudantes, os docentes conhecem muito ou em parte as dificuldades de aprendizado de cada um de seus alunos. Segundo o estudo, os professores da região Sul são quem tem maior percepção, com 93%. O Nordeste se aproxima com 90% e aparecem na sequência as regiões Centro-Oeste (86%), Norte (86%) e Sudeste (83%).

Esse reconhecimento pode ser justificado pelas atividades realizadas nas escolas, em que 91% dos familiares argumentam que elas ajudam a criar uma relação de confiança entre ambos. Na região Norte, esse índice é de 95%, seguido do Sul (94%) e Nordeste (93%). Centro-Oeste e Sudeste aparecem praticamente empatados, com 88% e 87%, respectivamente.

“A motivação dos professores em elaborar soluções criativas para tornar as aprendizagens mais atrativas é reconhecida aos olhos dos estudantes, que, por sua vez, correspondem se engajando na dinâmica da matéria. Essas iniciativas marcam a trajetória escolar de crianças, adolescentes e jovens, fazendo com que o aluno observe uma perspectiva mais ampla de sua vida”, afirma a coordenadora de Educação Infantil do Itaú Social, Juliana Yade, que também atuou durante oito anos como professora do Ensino Fundamental.

Professor: a chave da transformação

Para o Dia do Professor, 15 de outubro, elencamos histórias de professores de todo o país que têm transformado o cotidiano escolar. Apesar dos desafios, o entusiasmo pela docência é o que os move, para, inclusive, trazer inovações para a sala de aula. 

Batalhas de rimas despertam interesse do estudante na leitura

Lais Freitas – SP

Professora de língua portuguesa do Ensino Fundamental e Médio da rede de ensino de Embu-Guaçu (SP) 

Despertar o interesse dos estudantes pela literatura por meio da arte foi o objetivo da professora de língua portuguesa Laís Freitas. Com seu projeto “Slam” e a realização de saraus dentro da escola, os adolescentes se encantaram e passaram a consumir obras literárias e a escrever poesias, seja para participar dos eventos culturais ou até para registro pessoal.

Livros com personagens negros elevam autoestima de crianças na Educação Infantil

Shirley Borges – SP

Professora de artes do Ensino Infantil e do 2º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de São Paulo 

Dados da “Avaliação da Qualidade da Educação Infantil”, desenvolvido pelo Itaú Social e pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, mostram que as relações raciais são pouco exploradas na pré-escola e creche. Compreendendo essa lacuna, a professora de Educação Infantil Shirley Borges desenvolveu um projeto na sua escola envolvendo os livros de personagens negros distribuídos pelo programa Leia com uma criança, do Itaú Social. Segundo a docente, ao se reconhecerem nas histórias, as crianças elevaram sua autoestima e puderam projetar sonhos maiores de carreira e de vida. 

Crianças da pré-escola do litoral paulista brincam por meio da literatura

Shirley Borges – SP

Susana Félix Paz Correa Leite – SP

Professora do Ensino Infantil da rede municipal de ensino de Bertioga e Guarujá 

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) prevê seis experiências que proporcionam o desenvolvimento da criança: o conviver, o participar, o explorar, o expressar, o conhecer-se e o brincar, sendo essa última utilizada com frequência pela professora Susana Leite. A docente utiliza as gincanas para apresentar aos estudantes o universo da literatura e, por consequência, os prepara para o início da alfabetização no Ensino Fundamental.

Livro digital oferece recursos interativos que estimulam o interesse da criança na literatura

Aline Frederico – RJ

Professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e autora do curso Mediação de Literatura Digital

A professora Aline Frederico tornou a internet aliada na difusão da literatura infantil. Em sua trajetória acadêmica, a docente incentiva o uso de títulos digitais, que são diferentes da tiragem impressa ou do e-book (que tem as mesmas características que um livro convencional), oferecendo recursos interativos por meio do texto, efeitos sonoros, animações e gestos do leitor. Esse empenho resultou na oferta do curso “Mediação de literatura infantil digital”, disponível gratuitamente no Polo, ambiente de formação do Itaú Social, e que pode ser acessado por professores e familiares.

Abordagem mostra que errar é uma oportunidade de aprender matemática

Ione Clarice – MG

Professora de matemática do 5º ano e supervisora do 9º ano da rede municipal de Vespasiano

A professora Ione Clarice é uma das docentes que participam do “Mentalidades Matemáticas”, desenvolvido no município de Vespasiano (MG). A abordagem incentiva que alunos superem o medo de errar por meio de um ambiente seguro e com dinâmicas que vão além das fórmulas, envolvendo jogos e conversas e tornando a experiência em sala de aula mais divertida.

Projeto leva cultura e tecnologia africana para o ensino da matemática

Cristiane Coppe – MG

Professora do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Uberlândia e responsável pelo projeto “Modelagem Matemática”

Técnicas de trançados, jogos tradicionais, movimentos da dança congada e as tecnologias para construção das minas em Ouro Preto foram alguns dos exemplos utilizados pelo projeto de pesquisa “Modelagem Matemática: contribuição de um curso de formação de professores”. A iniciativa trouxe a cultura regional afro-brasileira para dentro da sala de aula de Ituiutaba, possibilitando aproximação e o reconhecimento dos estudantes da disciplina de matemática e de sua origem.

Crianças do Ensino Infantil recontam a história de Chapeuzinho Vermelho sob a ótica indígena

Juliana de Souza Jesus – MS

Professora de Educação Infantil da rede municipal de Campo Grande

Buscando acolher e valorizar a cultura dos estudantes indígenas, a professora Juliana de Souza realizou momentos de mediação de leitura de histórias de personagens indígenas com brincadeiras e fantoches. As obras utilizadas para esse projeto foram entregues pelo programa Leia com uma criança, do Itaú Social. As crianças ficaram tão fascinadas com a literatura e pela possibilidade de falar mais a respeito da sua etnia, que decidiram produzir o seu próprio livro recriando a história da “Chapeuzinho Vermelho”, mas com a etnia indígena considerando a vivência e tradições dos povos originários.

Professora lança aplicativo que resgata a história dos povos negros e indígenas do Cariri Cearense

Cicera Nunes – CE

Professora com experiência na educação básica em Juazeiro do Norte (CE) e, atualmente, adjunta vinculada ao Departamento de Educação da URCA (Universidade Regional do Cariri)

Por meio de depoimentos dos moradores e de familiares dos estudantes de escolas públicas da comunidade do Gesso (CE), a professora Cícera Nunes criou o aplicativo “Educaya”. A ferramenta está disponível gratuitamente e apresenta locais que têm relação com comunidade negra e indígena no território do Cariri Cearense. Parte dos ambientes mapeados estão preservados e a outra mostra como eles foram ressignificados pela comunidade, como a linha férrea que hoje é organizada pelos moradores como um sítio urbano, com plantação de ervas medicinais e árvores frutíferas.

Projeto escolar de escrita de diário contribui com a melhoria no Ideb em Una (BA)

Claudia Dapper – BA

Professora de língua portuguesa dos Anos Finais do Ensino Fundamental da rede municipal de Una 

Em um período de quatro anos, os estudantes do município de Una (BA) evoluíram 8% na aprendizagem de língua portuguesa, segundo o Ideb. Parte dessa conquista é atribuída ao projeto de escrita de diário pessoal iniciado pela professora Cláudia Dapper, do Colégio Municipal Cândido Romero Pessoa, zona rural do Una (BA). A iniciativa foi inspirada pela obra “Diário de Anne Frank”, que motivou os estudantes a adotarem como rotina narrar suas histórias em cadernos.

Projeto escolar de escrita de diário contribui com a melhoria no Ideb em Una (BA)

Míghian Danae Ferreira Nunes – BA

Professora com experiência na educação infantil e, atualmente, leciona na UNILAB (Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira) – Campus dos Malês em São Francisco do Conde

A professora Mighian Danae disponibilizou gratuitamente o “Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras” e o livro digital “Brincar e descolonizar: educar para a equidade”. Ao todo são mais de 100 jogos e brincadeiras com origem brasileira e de seis países do continente africano. A produção desse material levou dois anos e foi aplicada parcialmente na escola quilombola José de Aragão Bulcão, em São Francisco do Conde, conquistando boa adesão dos estudantes e de seus familiares.

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