Segundo a polícia, foram registradas denúncias de que o hino chinês foi vaiado na cerimônia de entrega de medalha

Um homem foi preso sob a acusação de desrespeitar o hino da China em Hong Kong, na segunda-feira (2). O incidente teria ocorrido durante a exibição da conquista de uma medalha de ouro olímpica pelo esgrimista local Cheung Ka Long, segundo a agência Reuters.

A vitoriosa participação de Cheung nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 foi exibida em um telão de um shopping center, onde mais de cem pessoas se reuniram para acompanhar. Segundo a polícia, foram registradas denúncias de que o hino chinês foi vaiado na cerimônia de entrega de medalha. Algumas pessoas teriam gritado “Somos Hong Kong” em protesto.

O homem preso, segundo as autoridades, se identificou como jornalista e teria exibido uma bandeira do período colonial, quando Hong Kong pertencia ao Reino Unido. Ele também teria participado das vaias, bem como gritado slogans separatistas a fim de “incitar o ódio e politizar os esportes”, nas palavras da polícia.

A detenção ocorreu com base em uma lei de junho de 2020 que criminaliza eventuais atos de desrespeito ao hino chinês. A pena prevista é de até três anos de prisão e multa que pode chegar a US$ 6,4 mil (R$ 32,7 mil), de acordo com o jornal japonês Nikkei.

Um comunicado afirma que “a polícia iniciou uma investigação sobre o incidente e irá coletar evidências relevantes”.

Lei de segurança nacional

A tensão aumentou em Hong Kong em 2019, quando ocorreram protestos em massa contra o domínio de Beijing e a favor da independência do território. A resposta do governo veio através da “lei de segurança nacional”.

Na última quinta-feira (29), foi anunciado o primeiro veredito de uma ação judicial baseada na nova normativa legal. Tong Ying-kit, um garçom de 24 anos, foi condenado a nove anos de prisão sob as acusações de terrorismo e incitação à secessão.

O incidente que levou à condenação ocorreu em 1º de julho de 2020, o primeiro dia em que a lei vigorou. Tong dirigia uma motocicleta com uma bandeira preta na qual se lia “Liberte Hong Kong. Revolução dos Nossos Tempos”, slogan usado pelos ativistas antigoverno nas manifestações de 2019.

O julgamento foi focado na intepretação do slogan e na capacidade de ele convencer outros cidadãos a clamar pela independência de Hong Kong em relação à China. “Tal exibição de palavras foi capaz de incitar outros à secessão”, diz a sentença, que ainda destacou o fato de o acusado ter consciência de tal significado.

Os juízes ainda disseram que Tong ignorou as barreiras de segurança e avançou “deliberadamente” contra os policiais, que são “um símbolo da lei e da ordem de Hong Kong”.

A lei, imposta pela China em julho do ano passado, classifica e criminaliza qualquer tentativa de “intervir” nos assuntos locais como “subversão, secessão, terrorismo e conluio”. Infrações graves podem levar à prisão perpétua.

O objetivo da lei é aumentar a repressão contra os dissidentes de Hong Kong. Os governos ocidentais, incluindo os EUA e o Reino Unido, acusam Beijing de quebrar as promessas de garantir ao território um alto grau de autonomia por 50 anos, diz o jornal Financial Times.

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