Israel enviou equipe de 380 pessoas e está construindo um hospital de campanha para ajudar vítimas do terremoto, que já matou mais de 11.600 pessoas
Israel enviou ajuda humanitária à Turquia depois que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu os dois países e matou mais de 11.600 pessoas na região na última segunda-feira (6). A assistência foi anunciada pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu no mesmo dia, e foi enviada uma delegação de 150 militares especializados em grandes tragédias: socorristas, médicos, engenheiros, enfermeiros, especialistas em detecção de sons, acompanhados de cães de salvamento, toneladas de medicamentos, roupas de frio, alimentos, remédios, cobertores e barracas de abrigo. O governo israelense também enviou, na última terça-feira (07), um grupo de 230 médicos e de membros da Divisão de Tecnologia e Logística do Exército de Defesa de Israel para construir e operar um hospital de campanha na região. As equipes são formadas por especialistas em traumatologia, cirurgiões, anestesistas, médicos ortopedistas, pediatras e especialistas em cuidados intensivos. De acordo com oficiais da delegação das Forças de Defesa de Israel (IDF), o hospital para tratar as vítimas do terremoto estará em operação até a noite desta quarta-feira (08).
Segundo o chefe das Forças de Defesa de Israel, Golan Vach, a equipe israelense é a segunda maior no local e a mais bem-sucedida, já tendo resgatado seis pessoas. O grupo trabalhou durante toda a madrugada desta quarta-feira para salvar as vítimas dos escombros na região sudeste da Turquia. Entre os cidadãos retirados dos destroços, havia uma mulher de 23 anos, apenas com uma fratura na pelve, um adolescente de 12 anos, uma criança de 2 anos sem ferimentos e uma adolescente de 15 anos, que foi gravemente ferida, mas está consciente. O paramédico que se uniu ao IDF, Felix Lotan, afirmou: “O frio é intenso, então tempo é crítico. Estamos fazendo tudo que podemos para salvar o máximo de vidas possível nas condições complexas em que nos encontramos”, pontuou Lotan.
O tremor foi considerado pelo governo turco o pior desde 1939 na região, e foi tão forte que ao menos outros 40 tremores menores – chamados de réplicas – o sucederam, incluindo um outro terremoto de magnitude 7,6. Além da ajuda humanitária, Netanyahu enviou condolências aos cidadãos da Turquia. Os serviços de emergência Magen David Adom disseram em comunicado que estiveram em contato com seus colegas turcos no Crescente Vermelho e “ofereceram assistência médica e humanitária”, e que seus profissionais também “estão acompanhando de perto o desastre do terremoto na Turquia e estão preparados para fornecer qualquer assistência que seja necessária”.
Apesar de Israel considerar a Síria como um Estado hostil e não manter relações diplomáticas com o país, as Forças de Defesa de Israel (IDF) já realizaram uma grande operação humanitária para ajudar civis durante o período da guerra civil síria. Desta vez, Netanyahu disse que Israel recebeu pedidos por meio de canais diplomáticos para fornecer socorro aos feridos no terremoto. As forças militares israelenses e outras organizações estão investigando modos para enviar itens para ajudar as vítimas na Síria. De acordo com a imprensa local, o pedido de suporte veio da Rússia e Israel planeja enviar tendas, remédios e cobertores para a Síria.
O Comando de Frente Interna da IDF é enviado regularmente ao redor do mundo para ajudar em desastres naturais, incluindo terremotos, incêndios florestais, inundações e desabamentos de edifícios. Um exemplo é o envio de 122 médicos e paramédicos para auxiliar os sobreviventes do terremoto que ocorreu em Nepal, no ano de 2015. Mais recentemente, Israel enviou uma equipe para Surfside, Flórida, em 2021, que ajudou a liderar esforços de resgate em um colapso mortal de um condomínio, e já em 2022, Israel enviou aviões de combate a incêndios para combater um incêndio florestal no norte de Chipre, com apoio da Turquia, e participou de missões semelhantes na Grécia e em Chipre nos últimos anos.
De acordo com André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente executivo da StandWithUs Brasil, o que mobiliza Israel a prestar essa assistência humanitária sempre que necessário é um conjunto de fatores que funcionam em harmonia: “Ajudar o próximo é parte da cultura judaica. Israel conta com muitas ONGs e associações da sociedade civil que possuem milhares de voluntários, nas áreas de educação, medicina, segurança, e outros setores, com milhares de voluntários dentro do próprio país e que servem à própria população de Israel. Isso acaba sendo exportado quando há crises humanitárias, como enchentes, desabamentos ou deslizamentos de terra em algum lugar. Normalmente, por Israel ter experiência e know-how e já possuir um sistema cultural de voluntariado, surge essa vontade de ajudar outros países, sejam eles vizinhos ou não. Isso ajuda a mostrar a imagem verdadeira do país — que muitas vezes é deturpada por agências e mídias nacionais e internacionais — que é de ajudar outros países, inclusive aqueles que não mantêm relações diplomáticas com Israel”.