Oito mil cidadãos africanos cruzaram o mar que liga a Espanha a Marrocos a nado em meio a crise diplomática entre países

A Espanha ordenou tropas do exército para manejar o retorno de 8 mil migrantes vindos do Marrocos desde segunda (17) em Ceuta. Madri afirmou que metade dos recém-chegados já foram enviados de volta ao país de origem, registrou a BBC.

Mais de 1,1 mil policiais já estão em Ceuta, disse o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska. A região de 80 mil pessoas – a maioria migrantes – atrai africanos que tentam chegar na Europa.

Famílias inteiras atravessaram a pé os cerca de dez quilômetros do mar que separa a Espanha do Marrocos durante a maré baixa. Pelo menos 1,5 mil migrantes são menores de idade. Voluntários da Cruz Vermelha lutaram para atender a multidão que chegava exausta. Um jovem morreu afogado e vários foram atendidos com hipotermia.

O fluxo é resultado do afrouxamento dos controles fronteiriços por Rabat em meio a uma crise diplomática com a Espanha. Em abril, o país europeu autorizou que o líder da Frente Polisário, Sahrawi Brahim Ghali, 73, fosse internado para se recuperar da Covid-19 em um hospital de Logroño.

Em resposta, o governo marroquino anunciou que a autorização traria “consequências”. A Frente Polisário está em conflito com o Marrocos desde novembro, quando um impasse na região de Guerguerat reacendeu 30 anos de disputas. O grupo quer a independência do território anexado após a queda da Coroa Espanhola, em 1975.

Acordo

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, viajou para Ceuta e Melilla para lidar com a crise. O governo marroquino não respondeu aos pedidos de comentário da Associated Press.

Sánchez recusa que o governo marroquino tenha afrouxado as regras de fronteira como uma retaliação diplomática. Em abril, porém, pouco mais de 100 migrantes cruzaram o mar em direção a Ceuta.

Marrocos e Espanha assinaram um acordo há três décadas para expulsar todos aqueles que nadam pelo mar para chegar na Europa. Ainda assim, muitos africanos subsaarianos usam a rota para fugir da violência e pobreza que acomete a região.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apoiou a tentativa de solução da crise de Sánchez. “As fronteiras da Espanha são as fronteiras da União Europeia”, escreveu no Twitter.

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