Por Andrea Ladislau

Dados recentes do Ministério da Saúde revelam que mais de 52 mil jovens entre 15 a 24 anos contraíram HIV, entre 2011 e 2021. Um número muito expressivo que choca quando se compara a elevação dos casos de óbitos ocasionados pela doença dentro dessa faixa etária, nos últimos anos.

Mas quais seriam as causas desse aumento, se os avanços tecnológicos e a evolução dos fármacos vinham proporcionando aos pacientes soro positivos uma melhor qualidade de vida até então?

Estudos demonstram que a resposta está nos “excessos” cometidos por essa população. Excessos relacionados ao elevado consumo de bebida alcóolica, drogas, cigarro, vida desregulada, zero qualidade de vida, sexo sem camisinha e sem qualquer tipo de prevenção. Os infectologistas chamam a atenção para essa combinação explosiva: sexo, drogas e álcool. Bem verdade que o HIV positivo da década de 80 não é o mesmo HIV positivo de atualmente. Dificilmente hoje se morre de Aids, ao menos que não haja qualquer aderência ao tratamento com antiretroviral.

Porém, pela ótica psicanalítica, nos cabe refletir sobre esses excessos juvenis. A necessidade de pertencimento. Pertencer a um grupo. Um grupo que usa drogas, que é engajado, um grupo que fuma, que bebe em excesso, que vira noites na rua sem dormir, um grupo que vive em baladas e não fazer uma boa higiene do sono, ou mesmo não consegue, pela exaustão das noitadas, se alimentar corretamente, ou praticar um exercício físico regular.

Jovens que vivem como se não houvesse o amanhã, e sem a preocupação com o autocuidado. Que não fazem uma terapia para se autoconhecer ou mesmo entender porque tantos excessos e como eliminar os gatilhos que os colocam de frente com os abusos. Não conseguem entender que o corpo e a mente são templos sagrados e que cuidar bem de ambos é o primeiro passo para uma vida de equilíbrio.

A falta de informação sobre o HIV ainda é uma barreira mesmo em pleno século XXI. Atualmente, temos milhares de pessoas no mundo vivendo com o vírus e fazendo uso das medicações específicas ao tratamento.

Enquanto, infelizmente, também assombra uma triste realidade em que muitas pessoas abandonam o tratamento, refugiam-se e não se cuidam por medo de serem descriminadas pela sociedade. O preconceito ainda existe. Sentimentos como vergonha, culpa e medo são grandes impeditivos na busca da testagem e do tratamento eficaz.

A consequência disto é que o sujeito não conhece sua condição clínica, iniciando tardiamente o processo de tratamento e, nesse período, corre o risco de seguir transmitindo o vírus para outras pessoas.

Por isso, a naturalização e exposição à testagem precoce é de sua importância, já que quanto mais cedo o diagnóstico for definido, mais chances de sucesso será evidenciado. Além claro, da conscientização de que excessos e combinações equivocadas não contribuem para o bem estar e saúde do indivíduo.

Portanto, aos jovens só nos cabe orientar que reavaliem o seu estilo de vida, para que possam perceber a necessidade de mudança. Seu bem estar depende muito de sua cabeça e de seu estado de espírito, resiliência e postura em relação ao universo ao redor.

 Os cuidados com a saúde são essenciais. A AIDS é sexualmente transmissível e viver uma “vida loca”, cheia de excessos, fala mais do emocional fragilizado desse ser humano, de seus gatilhos, faltas e vazios do que de qualquer outro aspecto da vida.

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas,para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.

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