Violência nas escolas atinge 6,7 milhões de estudantes e gera mais medo que as ruas, revela pesquisa
Um levantamento alarmante realizado pelo Instituto DataSenado expôs uma realidade preocupante: 6,7 milhões de estudantes brasileiros foram vítimas de algum tipo de violência escolar nos últimos 12 meses. Esse número equivale a 11% dos cerca de 60 milhões de alunos matriculados em instituições de ensino no país. O dado ressalta o desafio crescente para autoridades educacionais e de segurança pública em conter uma crise que se agrava e afeta diretamente o ambiente escolar.
O estudo revelou ainda uma percepção inquietante da população: 90% dos entrevistados consideram a violência nas escolas mais assustadora do que a violência nas ruas, onde o índice de preocupação é de 76%. Esses números sugerem uma inversão de expectativas sobre locais que deveriam, teoricamente, ser espaços seguros de aprendizado e convivência social.
Os múltiplos rostos da violência escolar
A violência nas escolas assume várias formas, desde agressões físicas e bullying até situações mais graves, como ameaças com armas e conflitos envolvendo professores. Recentes casos amplamente divulgados na mídia reforçam a sensação de insegurança: ataques em colégios e disputas violentas entre alunos tornaram-se manchetes frequentes, expondo falhas na capacidade do sistema educacional em prevenir e responder a essas ocorrências.
Além disso, professores e funcionários também relatam estar na linha de frente desse problema. Muitos mencionam episódios de intimidação e agressões que, em alguns casos, levam ao afastamento do trabalho por motivos psicológicos ou físicos.
Medo que ultrapassa os muros escolares
Especialistas em segurança pública e educação apontam que o medo em relação às escolas reflete a percepção de que, nesses ambientes, a violência atinge os mais vulneráveis: crianças e adolescentes. O professor de sociologia Fernando Pimenta, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que “a escola é vista como um espaço de formação, não de risco, e a quebra dessa expectativa aumenta a sensação de insegurança”.
A questão também desafia os governos a implementar políticas de combate eficazes. Programas de segurança, como a presença de guardas nas escolas e o uso de câmeras de vigilância, têm sido discutidos, mas enfrentam resistência devido a questões orçamentárias e críticas de especialistas que temem que a militarização do ambiente escolar agrave os problemas.
A resposta da sociedade
O resultado da pesquisa acendeu um alerta para pais, educadores e gestores públicos. Enquanto muitos clamam por medidas urgentes, outros defendem abordagens que priorizem a educação emocional e o fortalecimento do vínculo comunitário entre alunos e professores como forma de prevenir a violência.
A Secretaria de Educação anunciou que irá revisar protocolos de segurança e ampliar investimentos em programas de mediação de conflitos e acompanhamento psicológico para estudantes e professores. No entanto, especialistas alertam que, sem um esforço coordenado e políticas a longo prazo, a violência nas escolas continuará sendo um reflexo das desigualdades e tensões sociais que marcam a sociedade brasileira.
Um problema que exige soluções urgentes
Com a escola se tornando um reflexo das tensões externas, o Brasil enfrenta um dilema: proteger seus jovens enquanto lida com as complexidades sociais que alimentam a violência. A pesquisa do DataSenado deixa claro que o problema não pode mais ser ignorado, demandando ações firmes e imediatas para devolver às escolas seu papel fundamental de espaço de aprendizado e segurança.