Campeã mundial nos 100m e nos 200m, acreana Jerusa Geber estava há 46 dias sem competir oficialmente antes do retorno na competição que acontece no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, até este domingo, 3
Campeã mundial em Paris 2023 nos 100m e 200m pela classe T11 (cegas), a acreana Jerusa Geber voltou às pistas de atletismo neste sábado, 2, durante o Desafio CPB/CBAT, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
O Desafio de atletismo CPB/CBAt tem a finalidade de difundir e desenvolver a prática da modalidade entre atletas brasileiros com e sem deficiência. A competição, que vai ocorrer entre este sábado, 2, e domingo, 3, é dirigida e organizada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Jerusa estava havia 46 dias sem competir oficialmente. Neste sábado, a atleta, que competiu pelo Time Naurú, participou das eliminatórias e da final dos 100m. Fez 12s91 e 13s56, respectivamente, tempos acima dos 11s86 feitos na capital francesa e dos 11s83, seu atual recorde mundial na prova.
Na prova final dos 100m, ela ficou em primeiro lugar entre as atletas paralímpicas e chegou na terceira colocação na disputa geral, atrás das velocistas do atletismo convencional Vitória Alves, do Praia Clube, que correu em 12s12, e Bruna Farias, do IBF-AL, que fez em 12s15.
“Depois do Mundial, não paramos. Continuamos com os treinos. Nós queríamos vir para essa competição porque disputamos com atletas convencionais e sempre gosto de aproveitar esse tipo de oportunidade”, afirmou a atleta, que nasceu totalmente cega.
A velocista acrescentou ainda que a competição no CT Paralímpico servirá de teste para os próximos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile, que vão acontecer em novembro.
“Viemos tentar fazer marca, mas estamos em período de ajustes. Neste Desafio, teve a questão com a adaptação com o novo atleta-guia. Mas o Parapan está bem próximo e estamos bem concentrados para buscar mais medalhas lá”, completou Jerusa, que correu ao lado de Vinícius Moraes porque o seu guia titular, Gabriel Garcia, está no Espírito Santo para uma competição pelo atletismo convencional.
Medalhista de prata na prova dos 1.500m pela classe T20 (deficiência intelectual) no último Mundial de atletismo, a piauiense Antônia Keyla fez seu melhor tempo nos 400m neste sábado. Com isso, manteve-se na disputa por uma vaga na sua nova prova para o Parapan.
Na prova dos 400m, Keyla correu em 57s44 e melhorou sua marca, que era de 57s93. Com isso, a atleta, que competiu pela Associação Atlética Ligeirinho (AAL), de Lorena, está na segunda colocação do ranking de elegibilidade específico para o atletismo no Parapan 2023, um dos critérios de entrada definidos pelo CPB.
Nem todos os participantes que atingirem os índices estipulados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro estarão automaticamente classificados para a competição continental. A confirmação das vagas só acontecerá após a convocação oficial do CPB, que deverá ser feita após a organização do Parapan confirmar a quantidade de vagas alocadas ao Brasil, o que deve ocorrer nas próximas semanas.
Antônia Keyla não correrá a prova dos 1.500m em Santiago porque, apesar de ser a sua prova principal, não faz parte do programa dos Jogos Parapan-Americanos pela classe T20. Em contrapartida, a disputa dos 400m para atletas com deficiência intelectual integra tanto a grade da competição continental quanto dos Jogos Paralímpicos.
“Não esperava atingir boas marcas nessa distância de uma maneira tão rápida. Já planejo ser uma prova extra para mim nos Jogos Paralímpicos também. Estou muito confiante em trabalhar mais para conseguir duas medalhas em Paris 2024”, afirmou a atleta nascida há 28 anos em Água Branca.
“Muda bastante o treino de uma distância para outra. É uma dor diferente. Mas os 400m vão me ajudar a ter uma boa virada na reta final dos 1.500m. Então, penso que uma prova vai puxar a outra”, completou.
Esta não é a primeira vez que a corredora piauiense tem de se reinventar na carreira. Keyla era atleta-guia da maratonista baiana Edneusa Santos, que representou o Brasil na modalidade em Mundiais e nos Jogos de Tóquio, antes de se tornar uma especialista nos 1.500m.
Natação
Neste sábado, o Centro de Treinamento Paralímpico também sedia a Seletiva de natação para os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, Chile, que ocorrerão entre os dias 17 e 26 de novembro.
O destaque do dia foi a paulista Alessandra Oliveira dos Santos, 15, que começou sua trajetória na natação em 2018, por meio da Escola Paralímpica de Esportes, projeto de iniciação esportiva do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para crianças e jovens. Cinco anos depois, a nadadora alcançou o índice nos 100m peito da classe SB4 (limitação físico-motora) para o Parapan, principal competição multiesportiva do continente.
Durante a Seletiva, ela fez a distância em 2min15s13, novo recorde nacional da prova. A marca necessária para ter chances de convocação era de 2min30s83.
O antigo recorde brasileiro dos 100m peito SB4 pertencia à nadadora Ana Clara Bittencourt e foi estabelecido no dia 7 de junho de 2008, em Uberlândia, Minas Gerais. Ou seja, ele durava 15 anos, a mesma idade de Alessandra. O tempo registrado pela atleta, à época, foi de 2min18s99.
A Seletiva na capital paulista reúne 58 atletas desde a manhã de sexta-feira, 1º, até esta tarde. As provas são multiclasses e definidas em finais diretas. Nem todos os participantes que atingirem os índices estipulados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estarão automaticamente classificados para o Parapan de Santiago. A confirmação das vagas só acontecerá após a convocação oficial do CPB, que deverá ser feita após a organização do Parapan confirmar a quantidade de vagas alocadas ao Brasil, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Além da Seletiva, os atletas tiveram a oportunidade de registrar índices no Mundial de Manchester, disputado em julho e agosto deste ano.
Para disputarem o Parapan, além de esperaram a convocação, atletas novatos, como é o caso de Alessandra, terão que passar por uma classificação funcional no World Series de Guadalajara, México, em outubro, de acordo com os critérios do Comitê Organizador de Santiago.
Depois de bater a marca nos 100m peito, Alessandra destacou o quanto a Escola Paralímpica de Esportes do CPB, a Escolinha, como é carinhosamente chamada, a ajudou em seu desenvolvimento. “Não gostava de sair e evitava falar com as pessoas. Após entrar na Escolinha, minha professora Alessandra Almeida disse que sairia dali campeã e deixaria de ser tão tímida. Deu certo”, disse a jovem, representante do clube APNH, que tem amputação em parte dos dois membros superiores e inferiores por causa de uma vasculite, inflamação dos vasos sanguíneos, contraída aos quatro anos de idade.