Um olhar Crítico sobre a criação da boneca mais famosa do mundo

A Barbie, ícone cultural inegável, celebra 64 anos de existência em 2023. Criada por Ruth Handler em 1959, a boneca se tornou sinônimo de infância, sonhos e aspirações para milhões de meninas ao redor do mundo. Mas por trás da imagem icônica e aparentemente inofensiva, reside uma história complexa e, em alguns aspectos, controversa.

O livro “Barbie e a Outra Ruth: A Verdadeira História Por Trás da Boneca Mais Famosa do Mundo”, de Robin Gerber, publicado em 2009, mergulha na vida e obra de Ruth Handler, explorando os bastidores da criação da Barbie e desvendando uma faceta menos conhecida da designer: sua personalidade complexa e seus métodos questionáveis.

A obra, baseada em entrevistas com amigos, familiares e ex-funcionários da Mattel, empresa que fabrica a Barbie, apresenta uma imagem diferente daquela que a cultura popular construiu ao redor da figura de Ruth Handler. Gerber a descreve como uma mulher ambiciosa, com forte senso de competitividade e uma personalidade que beirava o narcisismo e a manipulação.

Segundo o livro, Ruth Handler era obcecada pelo sucesso e pelo poder. Sua busca incessante por reconhecimento a levava a se envolver em intrigas e a manipular pessoas em sua busca por ascensão profissional. A obra narra como, em diversas ocasiões, ela se apropriou de ideias de outras pessoas e usou sua influência para promover seus próprios interesses, mesmo que isso significasse prejudicar colegas de trabalho.

Um exemplo citado no livro é a história da criação da Barbie. Embora a versão tradicional afirme que Ruth Handler teve a ideia ao observar sua filha Barbara brincando com bonecas de papel, Gerber argumenta que a inspiração veio de uma boneca alemã chamada Bild Lilli, que já existia no mercado. Ruth Handler, buscando inspiração para criar um novo brinquedo, teria se inspirado no design de Bild Lilli e a adaptado para criar a Barbie, incorporando seus próprios elementos e adaptando-a para o mercado americano.

Além da inspiração questionável, o livro também aborda a controversa imagem da Barbie, criticada por muitos por promover um padrão de beleza inalcançável e por perpetuar estereótipos de gênero. Ruth Handler, em sua busca por criar uma boneca que representasse a mulher moderna, acabou criando uma figura com características idealizadas, perpetuando a imagem da mulher como um objeto de beleza e sedução.

Apesar das controvérsias, a Barbie continua sendo um fenômeno cultural, um ícone que atravessou gerações. Mas o livro de Robin Gerber nos convida a olhar para a história da boneca com um olhar crítico, questionando o mito construído em torno de sua criação e da figura de Ruth Handler, e nos levando a refletir sobre o impacto da Barbie na cultura e na percepção da mulher ao longo do tempo.

A obra de Gerber não se propõe a destruir a imagem da Barbie, mas a contextualizar, apresentando um lado menos conhecido da história da boneca e da mulher que a criou. Ao desvendar a faceta sombria de Ruth Handler e da criação da Barbie, o livro nos convida a repensar o papel da boneca na sociedade e a questionar a imagem idealizada que a cerca, incentivando uma discussão sobre os valores e padrões que a Barbie representa.


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