Um brinde amargo: imposto seletivo é um soco no estômago do setor de bares e restaurantes
A gente sabe que a vida de quem trabalha com bares e restaurantes não é fácil. É um suor na cozinha, um sorriso no salão, uma luta constante contra os altos custos e as margens apertadas. E agora, pra piorar, surge mais um desafio: o imposto seletivo sobre bebidas açucaradas. Aquele famoso “taxinha” que promete combater o consumo de refrigerantes e sucos, mas que na prática pode ser um tiro no pé para o setor que já está cambaleando.
A Abrasel, a entidade que representa os bares e restaurantes, fez uma pesquisa com mais de 2 mil estabelecimentos e o resultado é de dar um nó na garganta: 64% não tiveram lucro em maio. Isso significa que 25% tiveram prejuízo, 39% ficaram no zero a zero e só 36% conseguiram faturar de verdade. Essa realidade dura é resultado de uma série de fatores: a pandemia, a inflação galopante, o aumento dos custos de insumos e a dificuldade em repassar os preços para o consumidor.
Agora, imagine essa situação: um barzinho que já está lutando para sobreviver, com as contas no vermelho e a margem de lucro fininha, recebe mais um imposto sobre um dos seus produtos mais vendidos: as bebidas. É como se tirassem um pedaço da fatia do pão de cada dia.
O problema é que esse imposto não vai impactar só a conta do consumidor. Ele vai afetar todo o ecossistema da indústria: os produtores de bebidas, os distribuidores, os garçons, os cozinheiros, enfim, todo mundo que depende desse setor para ter um salário no fim do mês.
Alguns argumentam que o imposto seletivo é uma medida necessária para combater o consumo de bebidas açucaradas e seus efeitos nocivos à saúde. Concordo que a saúde pública é prioridade, mas a gente precisa ser estratégico. Implementar uma medida que impacta um setor tão fragilizado, sem ter um plano de apoio, sem oferecer alternativas e sem estudar profundamente o impacto, é como colocar um curativo em um ferimento aberto.
Em vez de focar só na taxinha, que tal pensar em soluções mais abrangentes? Implementar campanhas de educação nutricional nas escolas, incentivar o consumo de água e bebidas saudáveis, investir em pesquisas sobre alternativas saudáveis e saborosas às bebidas açucaradas, tudo isso seria muito mais eficaz do que simplesmente aumentar o preço dos refrigerantes.
O setor de bares e restaurantes é um dos motores da economia brasileira, gerando empregos, movimentando o turismo, e proporcionando momentos de lazer e descontração para a população. É hora de olhar para esse setor com mais atenção, com mais cuidado, e ter a certeza de que as medidas tomadas para melhorar a saúde da população não acabam com a saúde da nossa economia.
E aí, vai encarar a próxima rodada de drinks com esse peso na consciência? Ou vai levantar a voz e lutar por soluções mais justas e eficazes?