Thalita Simplício: Tricampeã Mundial em Kobe, mas a Glória Tem um Preço
Potiguar domina os 400m T11 e conquista seu sétimo ouro em Mundiais, mas queda na linha de chegada levanta questionamentos sobre segurança da prova.
Kobe, Japão – A atleta potiguar Thalita Simplício, conhecida por sua velocidade e determinação, conquistou neste domingo (19) o tricampeonato mundial nos 400m da classe T11 (deficiência visual) no Campeonato Mundial de Atletismo em Kobe. A vitória, que lhe rendeu a sétima medalha de ouro em Mundiais, foi marcada por um momento de apreensão: uma queda na linha de chegada, que levantou questionamentos sobre a segurança da prova e a fragilidade da estrutura para atletas com deficiência visual.
Simplício, que já havia superado a chinesa Cuiqing Liu em outras competições, cruzou a linha de chegada em 57s45, mas não sem antes cair sobre a pista. A queda, apesar de não ter impedido a conquista do ouro, gerou preocupação entre os presentes e reacendeu o debate sobre a segurança em provas de atletismo para atletas com deficiência visual. A falta de uma estrutura adequada para a categoria, como faixas de sinalização mais visíveis e um sistema de alerta mais eficiente, foi apontada por especialistas como um dos fatores que podem ter contribuído para o incidente.
“É claro que a Thalita é uma atleta de alto nível e tem um controle impressionante sobre sua corrida, mas a queda mostra que algo precisa ser feito para garantir a segurança de todos os atletas”, afirmou o técnico da atleta, que preferiu não ser identificado. “A falta de investimento em infraestrutura para atletas com deficiência visual é um problema que precisa ser urgentemente resolvido.”
A conquista de Thalita, no entanto, não ofuscou a glória do dia para o Brasil. O paulista André Rocha, no lançamento de disco F52 (que competem sentados), também subiu ao pódio, conquistando o ouro após sete anos do seu primeiro título mundial. O bronze ficou com o fluminense Felipe Gomes nos 400m T11.
O Brasil, que já se destaca no cenário mundial do atletismo, busca consolidar sua posição como potência na modalidade. A conquista de Thalita, apesar do susto na linha de chegada, é um passo importante nesse sentido. No entanto, a queda da atleta serve como um alerta para as autoridades e organizadores de eventos esportivos: a segurança de todos os atletas, especialmente aqueles com deficiência, deve ser priorizada.
A realidade da deficiência no esporte:
A falta de investimento em infraestrutura e recursos para atletas com deficiência é um problema que se repete em diversas modalidades esportivas. No atletismo, a situação é ainda mais complexa, já que a segurança dos atletas com deficiência visual depende de uma série de fatores, como a visibilidade das faixas de sinalização, a qualidade do sistema de alerta e a experiência dos guias.
Segundo dados da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), apenas 1% dos atletas com deficiência no Brasil têm acesso a programas de treinamento e desenvolvimento. A falta de investimento público e privado limita o acesso a recursos essenciais, como materiais esportivos, profissionais especializados e oportunidades de competição.
A conquista de Thalita Simplício, apesar do susto, é um exemplo de superação e talento. No entanto, a queda da atleta serve como um alerta para que a sociedade se mobilize em prol de políticas públicas que garantam a inclusão e a segurança de todos os atletas com deficiência.
O Jornal Expresso continuará acompanhando a trajetória de Thalita Simplício e cobrando ações para garantir a segurança e o desenvolvimento do esporte para atletas com deficiência no Brasil.