19 de setembro de 2024

Tentativa de fraude em documento é registrada 1 a cada 7 minutos

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante nas tentativas de fraudes documentais. Entre abril de 2023 e fevereiro de 2024, um estudo inédito da Serasa Experian, a maior datatech do país, revelou que, em uma amostra de 104,3 milhões de transações analisadas, 3% eram tentativas de golpes utilizando documentos falsos, como Registros Gerais (RGs) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Isso equivale a impressionantes 3.284.176 tentativas fraudulentas. Este panorama exige uma análise cuidadosa da situação e das medidas preventivas que podem ser adotadas.

As tentativas de fraudes identificadas pela Serasa Experian ocorrem principalmente em processos de abertura de contas bancárias, um momento crítico onde a verificação de identidade é essencial. Segundo Caio Rocha, Diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian, o perfil das vítimas mais afetadas contempla, em sua maioria, desbancarizados — pessoas que ainda não possuem conta em instituições financeiras. Esse grupo é particularmente vulnerável, pois frequentemente carece de registros financeiros e não tem suas informações pessoais e biometria facial devidamente protegidas.

Modalidades de Fraude

As fraudes documentais que têm sido observadas podem ser divididas em duas categorias principais:

  1. Adulteração de Documentos Verdadeiros: Nesta modalidade, golpistas utilizam documentos autênticos que foram alterados manualmente ou por meio de Inteligência Artificial. A manipulação da foto, muitas vezes, busca aproximar a aparência do golpista à imagem contida no documento original. Essa capacidade de “trocar” rostos usando tecnologia avançada representa um desafio crescente para as instituições financeiras.
  2. Montagem de Documentos Falsos: Aqui, o golpista cria um documento falso que, embora apresente informações verídicas de uma vítima (como nome, CPF e data de nascimento), traz sua própria fotografia. Este tipo de fraude é especialmente perigoso, pois utiliza dados reais, dificultando ainda mais a detecção durante processos de validação.

A posição dos desbancarizados no cenário das fraudes é preocupante. Por não terem uma conta bancária e, consequentemente, uma trajetória financeira registrada, eles veem suas informações ultrapassadas e não monitoradas. Isso aumenta exponencialmente as chances de se tornarem vítimas de fraudes. Sem um histórico robusto, esses indivíduos têm menos utilização de suas informações em tecnologias de segurança, o que torna a validação mais desafiadora para as instituições financeiras e aumenta a probabilidade de sucesso dos golpes.

Infelizmente, as fraudes documentais estão se tornando cada vez mais sofisticadas, e as instituições financeiras precisam responder a esta realidade com tecnologia de ponta. As equipes de segurança estão investindo em soluções de autenticação que utilizam biometria facial, inteligência artificial e machine learning para identificar padrões de comportamento que possam indicar fraudes. Estas tecnologias não apenas ajudam a identificar tentativas de fraudes, mas também melhoram a experiência do usuário, tornando a abertura de contas mais segura e eficiente.

Os dados revelados pela Serasa Experian sobre fraudes documentais sublinham a importância de se criar um ambiente de segurança financeira robusto no Brasil. A colaboração entre instituições financeiras, órgãos governamentais e a sociedade civil é essencial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e proteção contra esses crimes.

Educação financeira e digital, além da conscientização sobre os riscos das fraudes, devem ser promovidas, especialmente para comunidades vulneráveis. A criação de uma rede de segurança que envolva educação, tecnologia e proteção da informação pode reduzir a incidência de fraudes e proteger os cidadãos mais susceptíveis.

Em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente, é crucial que a proteção contra fraudes acompanhe essas mudanças, garantindo que pessoas, especialmente as mais vulneráveis, não sejam deixadas à mercê de criminosos. O estudo da Serasa Experian é um alarmante chamado à ação, e os próximos passos dependem de uma resposta coletiva e proativa de todos os segmentos da sociedade.

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