Superávit comercial coloca Brasil como protagonista das discussões sobre segurança alimentar no mundo, diz diretor da How2Go Brasil
Indicador de Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas mostra que exportações de commodities representam 68,3% do total negociado pelo país
Robin Brooks, economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças, usou o Twitter para fazer uma previsão. De acordo com ele, o Brasil está a caminho de se tornar a Suíça da América do Sul, devido a um superávit comercial enorme, o que o diferencia dos vizinhos continentais. Brooks explica que os resultados das exportações nacionais darão estabilidade externa ao país e uma moeda forte que tornarão o Brasil uma âncora da região.
De acordo com a Secretaria Especial de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o superávit é de US$ 8,22 bilhões em abril. Enquanto as exportações chegaram a US$ 27,365 bilhões, as importações foram de US$ 19,14 bilhões.
O Indicador de Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas (ICOMEX) mostra que a agropecuária é responsável por 32% destas exportações. Diretor da How2Go Brasil, multinacional espanhola especializada na internacionalização de empresas, Marcelo Vitali acredita que esse protagonismo chancela o Brasil nas discussões alimentares mundiais. “O país terá voz ativa na tomada de decisões centrais como o que precisa ser feito pela segurança alimentar de sete bilhões de pessoas. A guerra na Ucrânia fez com que os alimentos ficassem mais caros e essa preocupação está amplamente disseminada agora.”
Em uma visão mais ampla, as exportações de commodities representam 68,3% do total no país. Marcelo defende ainda que é preciso diversificar a balança comercial. “Apesar do superávit ser interessante, ainda temos uma falta muito grande das exportações industriais, temos carência de uma política industrial e isso acaba se refletindo nas exportações”, completa.
No dia da indústria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente e ministro do MDIC Geraldo Alckmin publicaram um artigo no jornal “O Estado de S. Paulo” indo nessa linha. O texto prevê que “a indústria será, nos próximos anos, o fio condutor de uma política econômica voltada para a geração de renda e de empregos mais intensivos em conhecimento, inclusive no setor de serviços”.