Sintonia musical entre Ricardo Vignini e O Gajo cruzou continentes, resultando em um grito de liberdade com o álbum “Terra Livre”
O ano de 2022 marcou o encontro através das redes sociais do português João Morais mais conhecido como “O Gajo” e do Ricardo Vignini, uma sintonia musical que cruzou continentes e rapidamente se transformou numa regular troca de ideias e na vontade de cruzar os dois mundos artísticos e culturais que caracterizam estes músicos.
Somada a experiencia de mais de duas décadas dos dois músicos e as trocas de ideias via mundo digital começam a dar origem a um trabalho consistente, que decidem transformar num disco colaborativo intitulado “Terra Livre”.
Álbum Terra Livre
“Terra Livre”, é o território exploratório de Ricardo e João, onde expandem os seus horizontes criativos sem fórmulas ou regras pré-definidas. Uma fusão de dois diferentes países e, ao mesmo tempo, com povos tão parecidos. Uma união singular faz de “Terra Livre” um grito pela Liberdade num mundo cheio de intolerâncias.
O resultado é um disco com nove faixas inéditas, abrindo com “Terra Livre”, seguida por “Corrosão”, uma alusão a banda Corrosion of Conformity que marcou bastante a adolescência do Vignini, que ao ver um post do O Gajo contando que ele tinha ido a uma apresentação deles, fez alguns riff’s, intitulando-os de Corrosão mandou para ele, e para sua surpresa, o nome da primeira banda do Gajo, era Corrosão Caótica.
O disco segue com “Albatroz”, o nome da maior ave marinha que consegue viajar grandes distâncias atravessando continentes e oceanos. É essa travessia que liga a viola campaniça do O Gajo e a viola caipira de Ricardo Vignini; “Seiva”; “Bandido”, é uma música que serve de trilha sonora para o dia-a-dia de quem não se sente totalmente em sintonia com a sociedade em geral. Para O Gajo Essa é uma experiência na primeira pessoa, não representa o crime nem os criminosos, mas uma comunidade que sobrevive à margem de alguns conceitos e convenções. Para ele, “Seremos sempre marginalizados em certa medida, mas isso só fortalece as convicções que transportamos e para um olhar mais convencional, seremos sempre os “Bandidos”; “Serpente”, “Magma’; “Rojão” que remete aos festejos juninos do nordeste do Brasil e finalizando “Maria da Manta”, uma entidade malévola e assustadora do sono, um ser lendário do folclore português.
Um digno retrato de como enfim a musicalidade luso-brasileira existe e se exibe inovador.
“Terra Livre” foi gravado em São Paulo, Brasil no estúdio Bojo Elétrico e no Estúdio Toca do Gajo em Lisboa, Portugal, resultando em um disco com nove faixas assinadas por Ricardo Vignini e O Gajo.
Ficha técnica do álbum Terra Livre
Gravações em São Paulo: Estúdio Bojo Elétrico
Gravações em Lisboa: Estúdio Toca do Gajo
Mixagem e Masterização: Estúdio Bojo Elétrico
Capa: O Gajo
Lançamento Brasil/ Álbum “Terra Livre”
Artistas: Ricardo Vignini e O Gajo
Data: 1º de dezembro de 2023 /
Em todas as plataformas de música.
Lançamento Portugal / Álbum “Terra Livre”
Artistas: Ricardo Vignini e O Gajo
Data: fevereiro de 2024
O álbum será lançado digitalmente e em formato Vinil pela Lusitanian Music Publishing e distribuído digitalmente pela Level Up Music. O lançamento e distribuição do formato CD ficará a cargo da Rastilho Records.
RICARDO VIGNINI
Ricardo Vignini é um violeiro diferenciado. Da raiz à antena o cara vai em todas. De Tião Carreiro a Jimi Hendrix nada escapa a esse endiabrado operário das dez cordas. Sempre em busca da originalidade através de variadas abordagens e performances, Vignini leva a viola brasileira para passear pelo mundo, testando os limites e possibilidades do instrumento de um jeito que vai além do usual. É um violeiro que não se encontra muito facilmente por aí, mesmo numa cena como a atual, cheia de bons especialistas.
Proativo e inquieto, seus trabalhos são inúmeros e sempre originais. Entre várias empreitadas musicais de variadas matizes, Vignini manteve um duo acústico “de raiz” com o grande e saudoso mestre violeiro Índio Cachoeira, a quem produziu e com quem tocou pelo mundo afora, além de ministrar, por muitos anos, um curso de viola muito prestigiado, em SP. Também mantém com o violeiro mineiro Zé Helder, outro duo bastante original, o “Moda de Rock”, que traduz para viola o repertório de grandes ícones do rock como Hendrix, Led Zeppellin, Stones, Black Sabbath, Iron Maiden, Pink Floyd, Ramones, AC DC, e com quem já dividiu o palco com grandes guitar heroes brasileiros como Pepeu Gomes e Robertinho do Recife, entre outros. (Sem esquecer de vez em quando, mandar um pout-pourri de Tião Carreiro, “pro pessoal saber que, antes de tocar aquilo tem que saber tocar isso”).
Como se não fosse pouco, Vignini ainda coloca, há muitos anos, suas dez cordas canhotas a serviço do “Matuto Moderno”, banda que veste vários gêneros “matutos” como a catira e a folia de reis, com arranjos de alto impacto, chegados ao pop, inclusive com o uso da viola eletrificada e outros babados. Aliás, é com a viola elétrica, ou “viola-guitarra” (nome que, para muitos do meio, já seria, por si só, um sacrilégio), que Vignini performa, no formato “power trio”, o ótimo “Sessões Elétricas Para Um Novo Tempo”, um dos três CDs que ele produziu na pandemia, até agora. Os outros foram “Cubo” e “Reviola”, onde eu tenho a alegria de ter uma parceria com ele, a música “Moedão”, que não é a primeira porque, além disso tudo, Ricardo Vignini ainda compôs a música original e dividiu comigo a direção musical do curta-metragem “Toca Pra Diabo”, de 2013, escrito por mim e dirigido por João Velho. No meio disso tudo ainda grava com bastante gente, incluindo Lenine. E a coisa não para por aí, a discografia completa do sujeito ainda conta com vários trabalhos, seja com o Moda, o Matuto ou solos, como “Na Zoada do Arame”, “Rebento” e “Viola de Lata”. Para concluir vale dizer que, apesar de ser um estilista dedicado a evoluir um único instrumento, Ricardo Vignini é, na verdade, um artista múltiplo porque nas suas mãos a viola tem sete vidas. E vale por sete instrumentos.
Juca Filho, Set21
É proprietário do selo Folguedo, dedicado exclusivamente à música de viola.
O GAJO
Nasceu em Lisboa na primavera de 2016 pelas mãos de João Morais com o intuito de ligar a sua música à terra que o viu nascer, Portugal. É assim que surge a relação com a Viola Campaniça, um instrumento de raiz tradicional que faz parte da história centenária e cultural portuguesa.
É na região rural do Alentejo que João Morais conhece a Viola Campaniça mas a que traz para a cidade de Lisboa ganha novas tonalidades. Afasta-se da linguagem mais tradicional explorando caminhos mais contemporâneos, mantendo intacta a sua Portugalidade.
Em 2017 chega a gravação do primeiro disco “Longe do Chão”, em 2019 é a vez das “4 Estações do GAJO”, um disco quadripartido em 4 EP’s dedicados a 4 estações de comboio de Lisboa, em 2021 chega “Subterrâneos” em formato trio com a colaboração de 2 conceituados músicos da cena Jazz Portuguesa (Carlos Barretto no contrabaixo e José Salgueiro (percussão)