Seleção feminina dos EUA deveria ganhar mais dinheiro que a masculina, defende Milene
Comentarista afirma que pagamento deveria ser proporcional aos resultados das equipes
Milene Domingues defende que as jogadoras da seleção feminina dos EUA deveriam receber mais do que os atletas da equipe masculina. Em entrevista exclusiva ao Apostagolos.com, a comentarista afirmou que merece melhores pagamentos e premiações quem oferece mais em troca, em termos de resultados ao clube ou à equipe nacional.
Neste caso, a superioridade das mulheres americanas é indiscutível. Afinal, elas são quatro vezes campeãs do mundo e chegam à Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia mais uma vez favoritas ao título. A estreia será contra o Vietnã, nesta sexta-feira (21/7), às 22h (de Brasília). Já os homens, o melhor resultado que tiveram em Mundiais foi um terceiro lugar em 1930. Desde 2002 que não passam das oitavas de final.
A ex-jogadora observa atentamente a transformação no esporte no Brasil e no mundo. Milene jogou pelo Corinthians e passou por clubes espanhóis no fim dos anos 1990, começo dos anos 2000. Foi uma das jogadoras mais bem pagas de seu tempo, mas esteve longe de fazer fortuna como homens faziam já naquela época.
Seleção feminina dos EUA ganhando mais
Segundo Milene Domingues, a equiparação salarial não deveria ser automática. Na seleção dos Estados Unidos, por exemplo, os salários iguais entre jogadoras e jogadores acaba beneficiando os homens, destacou.
– No Brasil, estamos construindo essa equiparação. Isso requer tempo. Mas quando me disseram que as mulheres iam ganhar o mesmo que os homens quando estivessem na seleção de futebol dos EUA, eu disse que achava muito errado. E as pessoas me perguntaram, ‘como assim, você acha errado?’ E eu respondi que os homens deveriam ganhar muito menos.
– Os EUA nunca ganharam nada com os homens. Já as americanas ganharam quatro vezes a Copa do Mundo, são as melhores do mundo. Por que eles devem ganhar o mesmo que elas se são elas que elevam o nome do futebol dos EUA pelo mundo? O futebol nos EUA é muito mais praticado por mulheres do que por homens então com certeza gera muito mais dinheiro.
Equiparação salarial é utopia?
Questionada se ainda considera uma utopia imaginar um mundo do futebol onde mulheres e homens recebem o mesmo salário, Milene afirmou que:
– Não acho que seja utópico, a equiparação salarial. Preciso lembrar que o futebol feminino, até 1979, era proibido por lei no Brasil. Demos um salto. Hoje temos uma divulgação, um respeito. Mas é uma questão cultural. Temos que fazer essa mudança, de que a mulher pode jogar futebol, que pode praticar esporte como profissão. Isso está mudando, mas requer tempo.
Uma questão de mercado
A ex-jogadora destaca ainda que é importante o mercado do futebol feminino gerar mais dinheiro, o que fará com que as jogadoras também passem a receber mais:
– Eu sempre digo que o futebol feminino precisa ser muito valorizado, mas precisamos também gerar esse dinheiro. Sempre dou o exemplo do futebol masculino de antigamente. Você acha que o Pelé gerou o mesmo dinheiro que Neymar? Certamente que não. Então o futebol feminino precisa também gerar essa dinheiro para que as jogadoras ganhem na mesma proporção.
– Sempre me falam que o Neymar ganha muito, mas se ele ganha tudo isso, é porque ele também gera muito. Ninguém ganha tanto sem um motivo. O aumento do salário das mulheres está sendo construído. Não é uma utopia falar em equiparação, mas ainda precisa mudar muitas coisas. mas é algo que vai sendo construído.
Como funciona nas seleções dos EUA hoje?
Desde setembro de 2022 ficou acertado que as seleções masculina e feminina receberão o mesmo da federação de futebol dos EUA. O combinado foi o seguinte: as premiações recebidas pelas seleções serão divididas igualmente, independentemente de quem a conquistou.
Por exemplo, na Copa do Mundo do Catar, a premiação referente à campanha na competição – os homens foram eliminados nas oitavas de final – foi dividida entre os jogadores e também as jogadoras da seleção nacional.
O mesmo vai acontecer com o prêmio que as jogadoras dos EUA eventualmente receberem pela campanha na Austrália e na Nova Zelândia.