Rodrigo Maia denuncia abuso de poder e compara situação com “piores ditaduras”
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, fez duras críticas nesta quinta-feira (11) à suposta espionagem ilegal praticada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), comparando a situação às “piores ditaduras”. Em entrevista à CNN, o político carioca, que se tornou desafeto do governo Bolsonaro, afirmou que “assusta” a revelação de um esquema de monitoramento ilegal de adversários políticos.
“Espionagem utilizando o aparato estatal a pessoas consideradas adversárias do antigo presidente é comportamento de governo totalitário e criminoso, típico das piores ditaduras”, declarou Maia, demonstrando indignação com as práticas denunciadas.
A Operação Última Milha, conduzida pela Polícia Federal, investiga a existência de uma “Abin paralela” que teria sido utilizada para espionar adversários do governo Bolsonaro. Diálogos levantados pela PF revelam que escritórios de advocacia de figuras políticas opositoras ao governo foram monitorados ilegalmente.
Um dos alvos da investigação é o advogado paranaense Roberto Bertholdo, ligado a Rodrigo Maia, que era presidente da Câmara dos Deputados quando a espionagem teria ocorrido. “Imaginar que Alexandre Ramagem, então servidor público, hoje deputado federal, comandou um esquema de monitoramento de pessoas é assustador”, afirmou Maia, referindo-se ao ex-diretor-geral da Abin.
O ex-parlamentar declarou que tomará medidas legais contra Ramagem e os demais envolvidos no esquema, tanto na esfera cível quanto na criminal. “Não podemos permitir que práticas como essa se perpetuem no país. É essencial que os responsáveis sejam responsabilizados e que a democracia seja protegida”, enfatizou Maia.
A investigação da PF sobre a “Abin paralela” segue em andamento. A quarta fase da Operação Última Milha visa aprofundar as investigações sobre o esquema de espionagem ilegal e identificar todos os envolvidos. A operação levanta sérias preocupações sobre o uso indevido do poder e o ataque à liberdade individual, gerando um debate urgente sobre a necessidade de mecanismos robustos de controle e transparência nas ações de inteligência no país.
As denúncias de espionagem ilegal e o contexto de polarização política vivido no Brasil nos últimos anos exigem uma análise profunda e urgente sobre os riscos à democracia. As ações do governo Bolsonaro, incluindo a suposta criação de uma “Abin paralela” para espionar adversários, representam uma ameaça à liberdade e ao estado de direito. A investigação da PF e a reação de figuras como Rodrigo Maia demonstram a importância da luta por justiça e a defesa intransigente da democracia.