7 de maio de 2024

Richarlison, declara: “A terapia me salvou”

Por Andréa Ladislau 

A coragem de abrir o coração e declarar sobre suas fraquezas emocionais, certamente, é uma dádiva de poucos. Mas, o jogador de futebol, Richarlison, um dos craques da seleção brasileira, em entrevista, emocionante, teve essa coragem e revelou o drama vivido, após a derrota na Copa do mundo.

No auge da carreira, em meio a muitos pensamentos limitantes, o jovem reconheceu que estava em seu limite, a ponto de “desistir da vida”.

A derrota da competição e alguns problemas familiares desencadearam gatilhos depressivos, de intensa proporção, no capixaba de 26 anos, acostumado a brilhar nos campos, com seu futebol impecável. Após se ver perdido e sem direção, o jogador buscou a terapia que, segundo ele, salvou sua vida.

O relato de Richarlison reaviva a discussão da importância do profissional de saúde mental especializado em esportes dentro dos clubes, para auxiliar jogadores e equipe técnica, no gerenciamento das emoções e sentimentos dentro de um universo bombardeado por elevadas pressões externas e internas.

Fato é que, existe um peso gigantesco de todo um país que cobra e espera resultados do time inteiro. Além disso, existe a auto cobrança dos jogadores que enxergam nas competições, a possibilidade de virar um herói de seu estado ou de uma nação.

É um verdadeiro caldeirão de ansiedade e estresse intensificados em grandes disputas. O controle emocional é fundamental para que o nervosismo, o controle do ego, o aplacamento da fúria e da raiva não afete o psicológico dos atletas. Mas engana-se quem pensa que o profissional de saúde mental precisa estar apenas no momento dos jogos.

O ideal é que esse acompanhamento seja contínuo e que a terapia faça parte, de maneira contínua, do dia a dia dos jogadores, dentro ou fora das competições, minimizando medo, tensão, angústia e ansiedade e evitando projeções de frustrações pessoais na competição.

A depressão é uma doença que gera sintomas psíquicos e físicos que alteram o humor e a rotina, como tristeza, pensamentos negativos, desinteresse pela vida, dificuldade de concentração, alteração do apetite, alteração do sono, perda ou ganho de peso, sentimento de culpa, fracasso, entre outros. Inúmeros sintomas associados que levam o indivíduo a se sentir cada vez mais vulnerável frente às questões emocionais.

As causas são diversas: experiências do passado, pressões da vida contemporânea, fatores fisiológicos, como alterações hormonais e genéticas, e outras.

Temos que estar atentos a alguns sinais importantes: Tristeza tem motivo. A pessoa sabe que está triste. A depressão é uma tristeza profunda e, muitas vezes, sem conteúdo, sem motivo aparente.

Mesmo se algo maravilhoso acontecer ou estiver acontecendo, a pessoa continuará triste. A pessoa triste pode ter sintomas no corpo, como sentir aperto no peito, taquicardia, chorar. A pessoa deprimida tem pensamentos suicidas e repetitivos.

Enfim, a coragem de Richarlison em expor sua dor, desmistifica a imagem do jogador de futebol, forte e intocável. Sua fala, mostra que a depressão está aí e pode atingir qualquer pessoa, e a prevenção está no cuidado da mente e do corpo.

É preciso se conscientizar do valor da terapia e da necessidade de banir o preconceito com a saúde mental. A terapia é uma salvação, assim como uma alimentação saudável, atividades físicas regulares; o gerenciamento do estresse; a socialização e a prática de hobbies.

 Cuidar do organismo e da mente, equilibra a saúde mental. Depressão é coisa séria e se não tratada pode levar a consequências irreversíveis.

Dra. Andréa Ladislau  /  Psicanalista