Ratinho Junior quer pagar R$ 800,00 por aluno nos Colégios que pretende terceirizar a administração
A proposta de Parceria Público Privada (PPP) para a educação no Paraná, defendida pelo governo do estado, tem gerado debates acalorados e levantado diversas questões e preocupações. A promessa de R$ 800,00 por aluno matriculado na rede pública parece promissora à primeira vista, mas um olhar mais atento revela uma série de problemas e um futuro incerto para o ensino no Paraná.
Em primeiro lugar, a PPP, como proposta, já nasce com um grande problema: a falta de transparência e clareza sobre o destino dos recursos. O governo não divulgou qual o custo real por aluno atualmente, deixando a população e os profissionais da educação na escuridão sobre como esses R$ 800,00 serão utilizados. Essa falta de informação alimenta a desconfiança sobre a viabilidade e a real necessidade da PPP.
Além disso, o valor proposto para cada aluno parece ser significativamente superior ao custo real para manter uma escola pública funcionando. Para ilustrar, podemos analisar dados do Colégio Estadual Instituto de Educação de Maringá. Em 2018, somente no período da tarde, a escola contava com 1447 alunos matriculados. Os dados publicados na página da escola na internet mostram que, com R$ 800,00 por aluno, os gestores teriam R$ 1.157.600,00 à disposição mensalmente – um orçamento milionário.
Em 2015, no governo de Beto Richa, o custo mensal por aluno no ensino médio era de R$ 132,00, com previsão de aumento para R$ 280,00 por mês. Esse custo já contemplava o pagamento dos professores, alimentação dos estudantes, manutenção dos prédios e pagamento de contas como água e luz.
Comparando esses números com os R$ 800,00 propostos pelo governo atual, fica evidente a disparidade. É difícil acreditar que a PPP, com esse valor, seja toda investida na educação de qualidade, já que uma empresa privada teria que gerar lucros.
Professores qualificados seriam cada vez mais raros, considerando os custos crescentes e a necessidade de investimentos em infraestrutura, tecnologia e formação. Enquanto o governo prioriza a PPP e a terceirização, os professores, que são a base do ensino, continuam a lutar por melhores condições de trabalho e por salários que reflitam a importância da sua função. A reposição salarial, essencial para garantir a dignidade e a valorização do trabalho docente, parece não estar nos planos do governo, o que demonstra uma priorização equivocada e uma falta de compromisso com o futuro da educação paranaense.
A militarização da educação: um caminho perigoso?
É importante também lembrar que o modelo de escolas cívico-militares, defendido pelo governo, foi considerado anticonstitucional em outros estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A militarização da educação é um caminho perigoso que pode minar a liberdade de expressão, o debate crítico e a construção de um ambiente educacional democrático.
Em suma, a proposta de PPP para a educação no Paraná levanta diversas dúvidas e preocupações. A falta de transparência, o valor pago por aluno, a desconsideração pelas necessidades dos professores e a opção por um modelo de escolas militarizadas, geram um cenário de incerteza e desconfiança.
O futuro da educação no Paraná está em jogo e é fundamental que a sociedade se mobilize para questionar as decisões do governo e exigir uma educação pública de qualidade, com investimentos reais e prioridade para os profissionais da educação. É preciso um debate profundo sobre a real necessidade da PPP, a viabilidade do modelo proposto e a garantia de que os recursos sejam realmente utilizados para melhorar a qualidade do ensino público.
A educação é um direito fundamental e deve ser prioridade para qualquer governo. É preciso defender a educação pública, gratuita, de qualidade e democrática, e lutar por um futuro melhor para todos os alunos paranaenses.