Ramagem depõe à PF sobre possível espionagem ilegal: Abin a serviço da família Bolsonaro?

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi ouvido nesta quarta-feira pela Polícia Federal no Rio de Janeiro. O depoimento faz parte das investigações sobre a suposta instrumentalização da Abin para atender aos interesses da família Bolsonaro, em especial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A investigação, conhecida como “Abin Paralela”, ganhou força após a divulgação de um relatório no dia 11 de agosto, que detalha diversas ações suspeitas de Ramagem à frente da Abin. Um dos pontos centrais do depoimento foi a gravação de uma conversa entre Ramagem, as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.

A reunião, ocorrida em 25 de agosto de 2020, revelou uma tentativa de Ramagem de pressionar a Receita Federal. Na ocasião, ele sugeriu a abertura de um processo administrativo contra os auditores responsáveis pela elaboração do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) utilizado no inquérito das “rachadinhas” contra Flávio Bolsonaro. As advogadas, durante a conversa, reclamavam dos procedimentos utilizados na elaboração do RIF.

Vale lembrar que o senador Flávio Bolsonaro era acusado de desviar R$ 6,1 milhões de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), através do esquema de “rachadinhas”, no qual assessores são obrigados a repassar parte de seus salários para os parlamentares. Apesar das acusações, o caso foi arquivado após o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anularem as provas, com base em documentos elaborados pela defesa de Flávio Bolsonaro que alegavam a ilegalidade na repassagem dos dados fiscais da Receita Federal para a Unidade de Inteligência Financeira (UIF, antiga Coaf).

O depoimento de Ramagem à PF, portanto, coloca em xeque a atuação do ex-diretor da Abin e levanta sérias suspeitas sobre a utilização da agência de inteligência para fins políticos e de proteção à família Bolsonaro. A investigação da “Abin Paralela” promete trazer à tona mais detalhes sobre os possíveis abusos de poder e a instrumentalização de um órgão de segurança nacional para atender interesses privados.

A investigação da “Abin Paralela” é crucial para a compreensão da influência política da família Bolsonaro e seus métodos para tentar se proteger de investigações. A atuação da Abin, como órgão de inteligência, deve ser sempre pautada pela neutralidade e pelo interesse público, e não por interesses pessoais ou partidários. A justiça precisa investigar a fundo as ações de Ramagem e apurar se houve, de fato, a utilização da Abin para fins ilícitos e para beneficiar a família Bolsonaro.


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