Quais países apoiam o Hamas e como ele é financiado; resumo

O grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, tem no Irã seu principal apoiador. Teerã fornece armas, treinamento e financiamento a seus membros. O Hamas também recebe recursos do Catar, de expatriados palestinos e de doadores privados no Golfo Pérsico, além de instituições islâmicas.

O Irã fornece atualmente cerca de US$ 100 milhões anuais ao Hamas e a outros grupos militantes palestinos, segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Chegou a se especular que o ataque do Hamas a Israel, que deixou pelo menos 1.400 mortos, incluindo mulheres, idosos e crianças, foi orquestrado pelo Irã, embora o embaixador iraniano na ONU tenha negado o envolvimento do seu país. Os EUA também afirmaram não ter indícios da participação direta de Teerã no ataque.

Apesar disso, o Ministério das Relações Exteriores do Irã descreveu a ação como um “ato de autodefesa” e pediu aos países muçulmanos que apoiassem os direitos dos palestinos.

O Irã e o Hamas também se opõem firmemente à perspectiva crescente de um acordo de paz histórico entre Israel e a Arábia Saudita — algo que tem grandes chances de não acontecer se a resposta militar de Israel aos ataques provocar revolta generalizada no mundo árabe.

A Arábia Saudita tem relações historicamente turbulentas com o Irã, que também é um inimigo ferrenho de Israel. Só em março deste ano as relações bilaterais entre os países foi normalizada. Um acordo entre seus dois principais rivais deixaria o regime de Teerã ainda mais isolado.

Já o Catar abriga o escritório político do Hamas e envia recursos a Gaza da ordem de US$ 360 milhões por ano.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, despacha da capital do Catar, Doha, desde 2020, alegadamente porque o Egito restringe seu movimento de entrada e saída de Gaza.

As lideranças do Hamas estabeleceram presença no Catar após se desentenderem com o seu anfitrião anterior, a Síria, quando refugiados palestinos participaram na revolta de 2011 contra o presidente Bashar al-Assad que precedeu a guerra civil naquele país.

Segundo reportagem do jornal israelense Times of Israel, “desde 2018 o Catar tem fornecido periodicamente milhões de dólares em dinheiro aos governantes do Hamas em Gaza para pagar o combustível da central elétrica do território, permitir ao grupo pagar aos seus funcionários públicos e fornecer ajuda a dezenas de milhares de famílias empobrecidas”.

Algumas figuras importantes do Hamas também operam supostamente nos escritórios do grupo na Turquia.

O apoio turco ao Hamas aumentou após a ascensão do presidente Recep Tayyip Erdogan ao poder em 2002.

Embora insista que apenas apoia o Hamas politicamente, a Turquia foi acusada de financiar atos extremistas do Hamas por meio de recursos desviados da Agência Turca de Cooperação e Coordenação.

Diferentemente do Irã e do Catar, a Turquia reconhece Israel e mantém relações diplomáticas com o país.

Historicamente, os expatriados palestinos e os doadores privados no Golfo Pérsico forneceram grande parte do financiamento ao grupo.

Além disso, algumas instituições de caridade islâmicas no Ocidente canalizaram dinheiro para grupos de serviços sociais apoiados pelo Hamas, provocando o congelamento de ativos pelo Tesouro dos EUA.

Após o início do bloqueio de Israel e do Egito entre 2006 e 2007, o Hamas arrecadou receitas tributando as mercadorias que circulavam por meio de uma sofisticada rede de túneis que contornavam a passagem egípcia para Gaza.

Isso trouxe para o território produtos básicos como alimentos, medicamentos e gás barato para a produção de eletricidade, bem como materiais de construção, dinheiro e armas.

Depois que o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi assumiu o poder em 2013, Cairo tornou-se hostil em relação ao Hamas, que o via como uma extensão do seu principal rival interno, a Irmandade Muçulmana (o Hamas foi criado no fim da década de 1980 como uma ramificação do braço palestino da Irmandade Muçulmana).

O Exército egípcio fechou a maior parte dos túneis que atravessam o seu território enquanto travava uma campanha de contraterrorismo contra um ramo do autoproclamado Estado Islâmico no seu lado da fronteira, na Península do Sinai.

O Egito começou a permitir que alguns bens comerciais entrassem em Gaza através da sua passagem fronteiriça de Rafah em 2018.

Em 2021, o Hamas teria arrecadado mais de US$ 12 milhões por mês de impostos sobre produtos egípcios importados para Gaza.


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