Psicóloga lista vantagens da convivência intergeracional
Temporada longe dos pais é uma excelente oportunidade de aprendizado, fortalecimento de laços familiares e reconhecimento de valores e tradições
A folga de fim de ano terminou para muitos pais e, enquanto o ano letivo não começa, as famílias precisam recorrer a estratégias para garantir o entretenimento e o cuidado com as crianças. Uma das opções é a casa dos avós e, segundo especialistas, essa convivência intergeracional pode ser extremamente saudável.
Um estudo britânico estima que, no mundo, o número de avós ultrapasse 1,5 bilhão – superando, pela primeira vez, a quantidade de netos. O Brasil segue essa tendência. Segundo o Censo 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais chegou a 10,9%, alta de 57,4% em relação a 2010. Já o número de crianças com até 14 anos recuou 12,6%.
O envelhecimento da população traz à tona uma série de discussões sobre os direitos dos idosos, etarismo, respeito e empatia. Por isso, as férias longe dos pais são excelentes oportunidades de aprendizado, exercício da tolerância e, é claro, muita diversão.
Outra vantagem é que a convivência entre avós e netos reforça os laços. De acordo com a psicopedagoga Daniela Jungles, o contato das crianças com seus avós durante as férias de verão é importante para ambos.
O principal benefício, diz a professora do curso de Psicologia e supervisora da clínica-escola do UniCuritiba – instituição que integra a Ânima, o maior e mais inovador ecossistema de ensino de qualidade do país – é o fortalecimento do vínculo afetivo.
Outro ponto interessante para os pequenos é a transmissão de valores e tradições. “Os avós têm uma riqueza de experiência e sabedoria acumuladas ao longo dos anos. Esse tempo juntos oferece às crianças a oportunidade de aprender sobre tradições familiares, histórias, habilidades e valores que podem ser transmitidos de geração em geração.”
Além do fortalecimento do vínculo afetivo, a lista de vantagens inclui a criação de memórias afetivas, a formação da identidade e da história de vida das crianças, o desenvolvimento de senso de pertencimento e o estímulo à educação moral e cultural.
Ambiente acolhedor
A professora do UniCuritiba diz que as férias na casa dos avós representam uma pausa na rotina habitual e permitem a vivência de diferentes atividades e ambientes, promovendo uma sensação de novidade e aventura. “Sem falar no ambiente acolhedor da casa dos avós, um lugar onde geralmente as crianças se sentem à vontade para compartilhar preocupações ou emoções”, comenta Daniela.
Para os avós, o convívio com os netos representa uma fonte de atividade social, emocional e contribui para a saúde mental e o bem-estar. De acordo com a psicopedagoga e mestre em Ciências da Educação pela Universidade de Sherbrooke (Canadá), interagir com as crianças, participar de suas atividades e responder às suas perguntas estimula a mente dos avós, proporcionando desafios cognitivos positivos.
Casa dos avós: como gerenciar as regras
As crianças costumam acreditar que a casa dos avós é um campo neutro, sem regras rígidas e livre das ordens dos pais. Essa questão, ensina a professora Daniela Jungles, do curso de Psicologia do UniCuritiba, depende muito da dinâmica familiar, de circunstâncias específicas e das expectativas de ambas as partes.
“É preciso levar em consideração que cada família é única e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. É importante avaliar a situação caso a caso, levando em consideração a personalidade da criança, as regras específicas e as circunstâncias”, ensina a especialista.
A chave, finaliza a professora, é a comunicação aberta e o respeito mútuo entre pais e avós. “É possível encontrar um equilíbrio que atenda às necessidades da criança e, ao mesmo tempo, respeite as diferenças entre as duas casas. A dica é manter o foco no bem-estar da criança e na criação de um ambiente familiar seguro e amoroso.”