Prisão perpétua: Gambiano condenado na Alemanha por crimes contra a humanidade
Um tribunal alemão condenou Bai Lowe, cidadão da Gâmbia a prisão perpétua pela sua participação num esquadrão da morte que assassinou opositores do antigo PR e ditador Yahya Jammeh, incluindo um jornalista da AFP
Na quinta-feira (30.11), um tribunal alemão condenou Bai Lowe, um cidadão da Gâmbia, a prisão perpétua por crimes contra a humanidade, assassínio e tentativa de assassínio. Lowe, associado ao temido esquadrão da morte “Junglers” durante o regime do ex-ditador Yahya Jammeh, foi considerado culpado de participar em execuções ilegais e crimes que visavam intimidar a população e reprimir a oposição.
A Luta pela justiça
Apesar de celebrada como um passo inicial, a condenação é vista por defensores dos direitos humanos e familiares das vítimas como apenas o começo de um longo caminho em direção à justiça. A unidade “Junglers” era utilizada pelo regime de Jammeh para realizar execuções ilegais, com Lowe atuando como motorista, envolvido em operações que incluíam o assassinato do jornalista Deyda Hydara em 2004.
Desdobramentos e compromisso
Enquanto Lowe negava as acusações, o tribunal considerou evidências suficientes, incluindo testemunhos e fotografias em uniforme militar. A condenação abre precedentes significativos, sendo a primeira vez que um tribunal reconhece crimes contra a humanidade cometidos sob a liderança de Yahya Jammeh. Familiares de Hydara expressaram satisfação com a decisão, mas destacaram que há mais desafios pela frente na busca por justiça.
Jurisdição universal em ação
O julgamento foi possível graças à jurisdição universal alemã, permitindo o processamento de crimes graves, como crimes contra a humanidade, independentemente do local onde foram cometidos. Jammeh, que governou a Gâmbia com mão de ferro por 22 anos, fugiu para a Guiné Equatorial em 2017 após perder as eleições. Bai Lowe é um dos três alegados cúmplices de Jammeh detidos no exterior, marcando uma tentativa global de responsabilizar os envolvidos nos abusos do regime.
O Governo da Gâmbia anunciou, em fevereiro, que estava a trabalhar com a Organização dos Estados da África Ocidental para criar um tribunal para julgar os crimes cometidos durante os cerca de 22 anos de Governo do antigo ditador.
A tarefa afigura-se difícil, pois o antigo Presidente vive no exílio na Guiné Equatorial, um país com o qual a Gâmbia não tem acordo de extradição.