País ganha laboratório de biologia molecular em câncer com exames inéditos na América Latina
Com investimento de R$ 80 milhões, estrutura inaugurada na cidade de São Paulo realizará os mais avançados testes moleculares, contribuindo para a individualização do tratamento oncológico e para a agilização de resultados dos exames dos pacientes
A Rede D’or, maior grupo privado de saúde do país, e o IDOR (Instituto D’or de Pesquisa e Ensino) iniciou neste mês de outubro na cidade de São Paulo, as operações do mais completo e moderno laboratório de biologia molecular do país, com exames inéditos na América Latina para os pacientes com câncer.
Com investimentos de R$ 80 milhões, a estrutura disponibiza equipamentos únicos do Brasil e realiza os mais avançados testes moleculares, contribuindo para a individualização do tratamento oncológico e proporcionando maior agilidade nos resultados de exames.
No local é possível, por exemplo, a realização de análises para identificação precoce de doença residual mínima, por meio do teste de biópsia líquida, o que permitirá antecipar uma possível recidiva de câncer. Antes as amostras precisavam ser enviadas ao exterior e os resultados levavam até 45 dias para ficarem prontos. Com o teste disponível in house, será possível obter o resultado em, no máximo, uma semana.
O teste de biópsia líquida permite detectar precocemente a presença de um genoma tumoral na circulação sanguínea e suas mutações mais frequentes. O novo laboratório de biologia molecular da Rede D’or e do IDOR é o primeiro a realizar a genômica de célula tumoral isolada (análise célula por célula, para comparação entre elas).
O serviço também disponibiliza um serviço de biologia ou patologia espacial, permitindo a análise do “ecossistema” tumoral como um todo, o que contribui para a definição de novas condutas terapêuticas para os pacientes oncológicos.
A nova estrutura também oferece perfil de metilação para classificação de sarcomas, teste de sequenciamento germinativo para genes de predisposição ao câncer baseado em RNA e rastreamento de câncer em pacientes assintomáticos portadores de síndrome de predisposição hereditária ao câncer, a partir de análise de DNA tumoral circulante.
O laboratório é dotado de um parque altamente tecnológico, com equipamentos para análises celulares e moleculares, tais como microscopia confocal, sequenciamento de nova geração Genexus (Thermo Fisher), sequenciamento de nova geração Illumina NovaSeq 6000, scanner de microarrays (Illumina iScan) e RNA Digital – Biologia Espacial (Nanostring).
O Genexus traz um ganho importante para a qualidade e agilidade dos diagnósticos oncológicos, permitindo caracterizar molecularmente os diferentes tipos de câncer em prazos muito mais curtos, viabilizando a adoção de terapias-alvo indicadas
O laboratório funciona em um prédio de três pavimentos, situado no bairro do Jabaquara, na zona sul da capital paulista, em um espaço de 700 metros quadrados. Conta com 40 patologistas, cerca de 90 analistas de laboratório e 60 profissionais administrativos. A estrutura foi preparada para atender aos 73 hospitais e 55 clínicas oncológicas da Rede D’or, localizadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia e no Distrito Federal.
“Trata-se de um centro focado em assistência e em pesquisas que podem contribuir para o aperfeiçoamento do tratamento oncológico em todo o Brasil. Com os recursos oferecidos pelo novo laboratório, estamos prontos para oferecer uma seleção cada vez mais precisa dos melhores tratamentos para os pacientes com câncer e, ao mesmo tempo, estamos ajudando toda a sociedade”, afirma Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or e pesquisador do IDOR.
“A estrutura desenvolvida para o laboratório contribuirá para agilizar o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. Além disso, irá proporcionar a individualização do tratamento para cada paciente, já que os exames disponibilizados no novo laboratório permitem estudar os processos moleculares que ocorrem nas células cancerígenas e permitem o acompanhamento de alterações que levam ao desenvolvimento do câncer”, destaca Fernando Soares, diretor médico da Anatomia Patológica da Rede D’Or e membro do comitê de classificação de tumores da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Paulo Hoff lembra que, ainda que pareçam iguais, os tumores se comportam de forma diferente em cada pessoa, tanto na progressão quanto na resposta ao tratamento. O tratamento oncológico evoluiu, nos últimos anos, com foco na personalização. “Com o auxílio da patologia molecular, podemos selecionar terapias que atuem predominantemente sobre as células tumorais e preservem as normais, evitando efeitos colaterais indesejáveis nos pacientes”, observa.
O presidente da Oncologia D’or ainda ressalta que a análise molecular pode detectar a presença mínima residual de células cancerígenas depois da aplicação de uma terapia, o que ajuda a determinar se o tratamento está sendo eficaz ou se é necessário modificar a estratégia terapêutica.