Os riscos da nova estratégia da Petrobras
Por Daniela Cade
A recente decisão do governo brasileiro em relação à Petrobras, anunciada em 15 de maio, de adotar uma nova estratégia comercial para estabelecer os preços do diesel e da gasolina, levanta reflexões profundas em consonância com a conhecida citação atribuída a Voltaire: “A história nunca se repete, mas o homem sempre o faz”. Essa frase ressoa com significância, destacando a tendência humana de repetir erros e padrões comportamentais ao longo do tempo.
Ao abandonar o antigo sistema baseado na paridade de importação (PPI) e optar por não mais seguir as flutuações dos preços internacionais, o governo do presidente Lula revela uma aparente falta de compreensão das lições aprendidas no passado. Embora essa intervenção possua uma justificativa diferente daquela aplicada anteriormente, é crucial considerar as possíveis consequências negativas para a economia do país. Qualquer tipo de interferência no mercado pode acarretar desequilíbrios e impactos indesejáveis.
A Petrobras alega que a nova estratégia busca alcançar preços competitivos em cada região de venda, considerando tanto o mercado nacional quanto o internacional. Argumenta-se que essa abordagem flexível permitirá à empresa ajustar seus preços de acordo com variáveis como a geopolítica global do petróleo e a escassez de gás no mercado mundial. Os defensores dessa medida afirmam que ela contribuirá para aumentar a competitividade da Petrobras, possibilitando a conquista de uma fatia maior do mercado e a ampliação da sua lucratividade.
No entanto, é importante analisar a decisão com mais atenção. Ao adotar a nova estratégia comercial que foge da paridade e busca uma suposta competitividade, o governo brasileiro se distancia dos princípios que norteiam uma economia de mercado saudável e eficiente.
A história nos revela que intervenções governamentais nos preços têm levado a resultados indesejados, como inflação e desequilíbrio. Ao estabelecer preços diferenciados por região, o governo cria distorções no mercado interno e pode prejudicar a livre concorrência. Essa abordagem intervencionista, embora não apresente, a curto prazo, o potencial de agravar ainda mais a escassez, devido às reservas energéticas do país, resulta em maior ineficiência e acarreta efeitos incontroláveis.
Empresas menores e mais eficientes podem ser prejudicadas, uma vez que enfrentarão dificuldades para competir com uma empresa estatal que tem liberdade para definir seus preços de acordo com seus interesses estratégicos. Além disso, ao deixar de seguir os preços internacionais e adotar uma estratégia comercial própria, a Petrobras se torna suscetível a influências políticas e interesses particulares, colocando ainda mais em risco a sua eficiência e competitividade a longo prazo.
Em última análise, não podemos permitir que decisões mal fundamentadas nos levem de volta a um passado de intervenções desastrosas. Retroceder em direção a políticas ultrapassadas não é o caminho para o progresso. Ainda há tempo para reverter esse curso e trilhar um caminho mais seguro e próspero. No final das contas, conforme o ditado popular indica: “Quem não aprende com a história está fadado a repeti-la” – e, neste caso, repetir os erros do passado pode ter consequências extremamente negativas para o futuro do país.