Observação de Sala de Aula: O Fantasma do Assédio Moral
Quando o Olhar se Torna uma Arma
A sala de aula, outrora um santuário de aprendizado, agora se tornou um campo minado. A observação de aula, aparentemente inofensiva, revela-se uma prática violenta, um atentado à dignidade profissional e um terreno fértil para o assédio moral florescer.
Nossos educadores, aqueles que moldam mentes e corações, são submetidos a um escrutínio implacável. Coordenadores pedagógicos, com suas pranchetas e olhares críticos, invadem o espaço sagrado da sala de aula. A intenção? Avaliar, julgar e, em muitos casos, humilhar. Afinal, quem precisa de inimigos quando temos observadores de aula?
A observação de sala de aula, disfarçada de ferramenta pedagógica, tornou-se uma arma nas mãos dos poderosos. Professores, já sobrecarregados com currículos extensos e salários minguados, enfrentam o olhar penetrante dos observadores. Cada gesto, cada pausa, cada escolha didática é escrutinada como se fosse um crime em potencial. O professor que ousa desviar do script é marcado, rotulado e, em alguns casos, enxotado como um herege.
O preço dessa vigilância constante é alto. Professores adoecem, perdem a autoestima e, em silêncio, questionam sua própria competência. A ansiedade toma conta dos corredores escolares, e o medo de ser “observado” sufoca a criatividade. Afinal, quem ousaria experimentar métodos inovadores quando o olhar crítico está sempre à espreita?
Nossas escolas, em vez de serem centros de crescimento intelectual, transformaram-se em campos de batalha. A cultura do medo permeia os corredores, e os professores, como soldados exaustos, marcham em linha reta, temendo qualquer desvio. A observação de aula, longe de promover a excelência, sufoca a paixão pelo ensino e a busca pelo conhecimento.
É hora de rompermos as correntes. Coordenadores pedagógicos, em vez de carrascos, devem ser aliados. A observação de sala de aula deve ser uma oportunidade de crescimento mútuo, um diálogo construtivo entre colegas. Precisamos de um sistema que valorize a criatividade, a diversidade de métodos e a paixão pelo ensino. Afinal, nossos professores merecem mais do que olhares julgadores; merecem respeito e apoio incondicional.