O sistema de Saúde brasileiro precisa de um novo modelo de governança

Por Mara Machado

A administração e a governança do sistema de Saúde brasileiro são complexas e caras, exigindo boa administração e supervisão. Em 2019, mais de 6% das despesas correntes com a saúde foram destinadas à governança e à administração do sistema de Saúde. Esta é uma porcentagem mais elevada do que em quase todos os países da região da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE – formada por países-membros que se dedicam a promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social) e mais do dobro da média da OCDE. O Brasil precisa avaliar cuidadosamente os custos e benefícios de seu atual modelo de governança.

Problemas de desempenho sérios e caros envolvem o sistema de Saúde no Brasil. Devido ao uso excessivo, subutilização e mau uso dos cuidados de saúde, os pesquisadores estimam que cerca de 40% dos custos de Saúde são gerados pela má qualidade na gestão do setor.

Conforme indicado no Livro de Jogadas, de Warren Buffett, “preço é o que você paga, mas valor é o que você recebe”. Os compradores de benefícios para a saúde devem se concentrar no valor, não no preço. O preço é uma parte importante da equação, mas não faz sentido se você não souber o valor do que está recebendo por esse preço. Infelizmente, na área da Saúde, somos obcecados por preços unitários. Em nenhum outro mercado ou domínio da vida, prestam tanta atenção ao preço e tão pouca atenção ao valor.

Hoje, os prestadores de serviços de Saúde recebem por quantidade, não por qualidade. Serviços com baixo desempenho são mantidos no mercado e recompensados. Os de melhor desempenho são penalizados financeiramente e desmoralizados profissionalmente. As consequências são óbvias.

Em nítido contraste com praticamente todos os outros setores, a Saúde é bastante opaca. A área da Saúde está cheia de tomadores de decisão – consumidores, médicos e outros prestadores, planos de saúde – que carecem de informações para tomar decisões.

É preciso ouvir e entender a recomendação – o sistema de Saúde brasileiro precisa de novo modelo de governança, precisa de uma Política Nacional que atenda a todos. 

*Mara Machado é CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que há quase 30 anos capacita pessoas e contribui com as instituições de saúde para reestruturar o sistema de gestão vigente, impulsionar a estratégia de inovação e formar um quadro de coordenação entre todos os atores decisórios.

O IQG vem trabalhando com parceiros internos do setor e externos para favorecer a geração de novas frentes para o sistema e colocar os prestadores de serviços em posição mais ativa.

Atua no desenvolvimento de novas e modernas soluções para atender com agilidade as exigências do mercado atual.


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