O Bicudo: uma ameaça constante à produção algodoeira no Brasil

A história do algodão no Brasil se entrelaça com a saga de um inseto minúsculo, mas devastador: o bicudo (Anthonomus grandis). Desde sua chegada em 1983, este besouro tem se estabelecido como a principal causa do apodrecimento das maçãs do algodoeiro, acarretando perdas significativas na produção da fibra e, consequentemente, impactando a economia do setor.

A presença do bicudo em território nacional, inicialmente localizada em Campinas (SP), rapidamente se espalhou, atingindo todos os polos produtivos do país, especialmente na década de 1990. Esse avanço rápido e desenfreado se deve à sua alta capacidade reprodutiva e à ausência de inimigos naturais no ambiente brasileiro. A praga, ao se alimentar das maçãs do algodoeiro, causa danos irreparáveis, comprometendo o desenvolvimento das fibras e, por consequência, a qualidade e a quantidade da colheita.

A Embrapa, órgão de referência em pesquisa agropecuária no Brasil, estima que as perdas na produção de algodão devido ao bicudo podem chegar a 75%, um número alarmante que coloca em risco a lucratividade do setor e o sustento de milhares de famílias que dependem do cultivo. Atualmente, 100% da área cultivada de algodão no país se encontra na fase de formação de maçãs, período crucial para o manejo do bicudo. É nesse momento que a atenção dos agricultores deve ser redobrada, visto que a praga atinge o seu pico de infestação, colocando em risco a qualidade das fibras e a rentabilidade do cultivo.

A Conab, órgão responsável pelo abastecimento alimentar no Brasil, reforça a necessidade de um manejo eficaz do bicudo para garantir a qualidade e a produtividade da fibra. A joint venture ORÍGEO, formada pela Bunge e UPL, atua como parceira estratégica dos grandes agricultores do MATOPIBAPA, Rondônia e Mato Grosso, fornecendo soluções sustentáveis e técnicas de gestão de ponta a ponta para o manejo integrado de pragas, incluindo o bicudo.

Hudslon Heinz, gerente de go-to-market (GTM) e field force effectiveness (FFE) da ORÍGEO, destaca que a eficácia no combate ao bicudo reside na aplicação de ingredientes ativos adequados, devidamente testados e aprovados para uso em culturas agrícolas. O controle da praga, portanto, exige um conhecimento técnico específico, aliado à utilização de tecnologias modernas e eficientes.

O controle do bicudo exige um plano estratégico que envolve diversas ações, incluindo o monitoramento constante da praga, a utilização de armadilhas para a captura de adultos, a aplicação de inseticidas específicos, a rotação de culturas, a escolha de variedades de algodão resistentes e a adoção de práticas de manejo adequadas. A implementação de um programa integrado de manejo de pragas (MIP) é fundamental para garantir o sucesso no controle do bicudo e a preservação da qualidade e produtividade do algodão.

Em suma, o bicudo se apresenta como uma ameaça constante à produção algodoeira no Brasil, exigindo constante atenção e investimentos por parte dos agricultores. A busca por soluções inovadoras, aliada ao conhecimento técnico e à implementação de práticas de manejo adequadas, são cruciais para garantir a sustentabilidade do setor e a produção de algodão de alta qualidade, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do país.


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