Número de internações por infarto aumenta expressivamente em todos os estados brasileiros de 2008 a 2022
Levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia, do Ministério da Saúde, aponta um crescimento de 130% em São Paulo e 115% em Minas Gerais
Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Ministério da Saúde, aponta que os números de internações por infarto do miocárdio aumentaram expressivamente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal entre os anos de 2008 e 2022.
Em São Paulo, estado do Brasil com maior população, a média mensal de internações por infarto foi de 18.856 em 2008 para 43.472 em 2022, uma elevação de 130,55%. Em Minas Gerais, segundo estado mais populoso, a média foi de 8.751 para 18.856, um crescimento de 115,47%. Veja tabela abaixo com os números de todos os estados e DF.
O INC divulgou na semana passada o levantamento nacional que indicou um acréscimo de 158,31% no número de internações por infarto no Brasil de 2008 a 2022. A principal conclusão do recorte por estados do levantamento, divulgado agora, é que o problema do aumento da incidência de doenças coronarianas atingiu todas as regiões do país.
“A elevação dos casos de infarto aconteceu em todos os estados brasileiros, independentemente do tamanho e densidade populacional, nível de urbanização, desenvolvimento econômico-social e renda per capita, ou condições climáticas”, afirma Dra. Aurora Issa, Diretora do INC. “O aumento da incidência de doença coronariana é nacional”.
O levantamento foi realizado pelo Observatório de Saúde Cardiovascular do INC no Sistema de Internação Hospitalar do DataSUS, do Ministério da Saúde. A abrangência são todos os pacientes brasileiros do SUS (em hospitais públicos e hospitais privados que têm convênio com o SUS), o que representa de 70% a 75% do total de pacientes no Brasil.
Aurora Issa cita como prováveis causas da elevação do número de infartos no país o envelhecimento populacional e aumento da obesidade, causada pelo sedentarismo e alimentação inadequada.
A médica enfatiza que a prevenção às doenças cardiovasculares passa pela adoção de um estilo de vida saudável: não fumar; fazer atividades físicas regularmente; e ter uma dieta saudável (menos alimentos gordurosos e ultraprocessados, mais verduras, legumes, frutas e hortaliças). Ela também chama a atenção para a importância da vacinação, em particular contra a Covid-19 e gripe, uma vez que as infecções podem ser um gatilho para o infarto do miocárdio.
De 2017 a 2021, 7.368.654 brasileiros morreram devido a doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte entre homens e mulheres no país.
O Dr. Bernardo Tura, pesquisador do Observatório de Saúde Cardiovascular e responsável direto pelo levantamento, alerta para distorções nos números de estados como Rondônia e Roraima, que apresentaram elevações extremamente elevadas. Ele explica que distorções estatísticas acontecem com frequência quando se analisam populações muito pequenas.
O pesquisador esclarece ainda que o levantamento do INC classifica os pacientes de acordo com seus locais de residência, não de internação. Ou seja, um paciente de uma região com pouco acesso a serviços de saúde transferido para tratamento em São Paulo, o que acontece com alguma frequência, consta no levantamento por seu estado de origem.
O INC é o centro de referência do Ministério da Saúde no tratamento de alta complexidade em doenças cardíacas e na pesquisa e ensino em Cardiologia. Localizado no Rio de Janeiro, o Instituto celebra em 2023 seu 50º aniversário de fundação.
Tabela: Variação no número de internações por infarto nos estados e DF de 2008 a 2022.