Mastite: O drama silencioso que suga a rentabilidade do leite brasileiro

A mastite, conhecida como a “maldição” do rebanho leiteiro, continua a assombrar produtores brasileiros, gerando prejuízos que podem chegar a R$ 500,00 por caso, segundo dados da Embrapa Gado de Leite. A doença, que afeta a glândula mamária das vacas, compromete a produção de leite, impacta a qualidade do produto e, em casos mais graves, pode levar à morte do animal.

A realidade é cruel: a cada caso de mastite, o produtor se depara com um ciclo vicioso de perdas. O descarte do leite contaminado, o tratamento com antibióticos e anti-inflamatórios, além dos custos com a mão de obra especializada, representam um verdadeiro ataque à rentabilidade da atividade leiteira.

“A mastite é um problema complexo e multifatorial, que exige um manejo preventivo rigoroso e uma rápida intervenção quando a doença se manifesta”, alerta Thales Vechiato, gerente de produtos para grandes animais da Pearson Saúde Animal. “É preciso investir em medidas como higiene da ordenha, controle da qualidade da água e do alimento, e práticas de manejo que minimizem o estresse dos animais”, completa.

A falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para o controle da mastite também é um fator preocupante. Embora existam soluções eficazes no mercado, como a associação de antibióticos e anti-inflamatórios, a falta de acesso a essas ferramentas por parte de muitos produtores, especialmente os de pequeno porte, agrava a situação.

Um cenário de alerta:

A mastite não é um problema isolado. Segundo dados do IBGE, a produção de leite no Brasil caiu 1,5% em 2022, e especialistas apontam que a mastite é um dos principais fatores responsáveis por essa queda. Em um cenário de alta demanda por produtos lácteos e crescente pressão por preços mais baixos, a mastite se torna um dos principais obstáculos à competitividade do setor leiteiro brasileiro.

A necessidade de ações conjuntas entre produtores, indústria, governo e instituições de pesquisa se torna cada vez mais urgente. É preciso investir em soluções inovadoras, fortalecer o acesso a tecnologias de controle da mastite, promover a educação e o treinamento de profissionais, e, principalmente, conscientizar os produtores sobre a importância da prevenção e do manejo adequado.

A mastite não é um problema que se resolve com soluções paliativas. É preciso encarar essa batalha com a mesma determinação e inteligência que são aplicadas para a produção de leite de alta qualidade. O futuro da pecuária leiteira brasileira depende disso.


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