Lula, Maduro e os democratas
Por Carlos Júnior
Era o chavão preferido dos próceres da beautiful people na eleição passada a justificativa do voto em Lula ‘’pela democracia’’. Tal estupidez megalomaníaca foi vendida aos quatro cantos como verdade do Evangelho, pois o opositor era tido como o suprassumo do autoritarismo. Vocês vão se lembrar de muitos que repetiram – e ainda repetem – esse subterfúgio vergonhoso.
Pois bem, o agora presidente Lula recebeu Nicolas Maduro com pompa e circunstância no Palácio do Planalto. Só faltou limpar o chão para o ditador venezuelano, responsável pela continuidade do desastre comunista na Venezuela. Fome, miséria, repressões brutais e assassinatos políticos são alguns tentáculos do molusco bolivariano que sangra de morte e infâmia uma nação outrora próspera e livre.
O sr. Lula é de um cinismo ímpar. Disse estar a Venezuela sendo vítima de uma narrativa antidemocrática. Dados, sr. presidente: a Venezuela tem 96,2% da sua população vivendo na pobreza, com 79,3% na extrema pobreza. Em seis anos, o PIB caiu 70%. De 2015 a 2017, o regime ditatorial foi responsável pela execução de 8200 pessoas. Os indicativos econômicos são do Banco Mundial e o último vem de um relatório da Anistia Internacional.
Defender o responsável por essa tragédia civilizacional em pleno século XXI deveria envergonhar quem o faz, mas já conhecemos as bandeiras do presidente Lula. Ele defende o que há de pior.
E os autointitulados democratas, aqueles que deram um novo mandato ao Partido dos Trabalhadores, onde estão? Vocês não votaram pela democracia? Não queriam salvar nossa República do horror fascista representado por Jair Bolsonaro sem medo de ser feliz? Ou, como não me surpreende, toda aquela pantomima de ocasião foi apenas a cenoura de burro para recolocar o deep state no governo e coroar os donos do estamento burocrático?
Dirão os acólitos do credo petista que o presidente Lula nada fez além de manter relações diplomáticas com um chefe de Estado, mera cortesia com um presidente de país vizinho e província amiga. O ex-presidente Bolsonaro não fez o mesmo com o príncipe saudita, chefe da monarquia tirânica responsável por violações aos direitos humanos? Nosso atual mandatário pode fazer o mesmo.
Não. Mil vezes não. Dois erros não fazem um acerto, e, se Bolsonaro errou no passado, azar o dele e estaremos aqui para apontar seus erros. Ele não é mais presidente. Seus equívocos não servem de escudo para blindar o sr. Lula de qualquer crítica, por mais ácida que seja.
O presidente Lula é um dos idealizadores do Foro de São Paulo, entidade criada com o objetivo confesso de ‘’recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu’’, ou seja, implementar um regime comunista de dimensões continentais. Enquanto os nossos vizinhos foram liberados do pudor democrático e puderam implementar o autoritarismo às claras, o Brasil teria a função estratégica de provedor de recursos da revolução.
Nosso país seria o financiador do movimento mais cruel, desumano, criminoso e assassino que o mundo já viu. As atas do Foro de São Paulo estão aí para quem quiser tirar suas próprias conclusões. Nada disso foi inventado.
Querem batom na cueca maior que os empréstimos e financiamentos de obras nos países dos companheiros? Venezuela, Cuba e Moçambique somam US$ 1,03 bilhão em dívidas com o BNDES. Os dados são de setembro do ano passado, ou seja, a conta provavelmente aumentou de lá para cá. Com o retorno da esquerda e da extrema esquerda ao poder, qual a probabilidade dessa façanha acontecer novamente? Bom, como estamos em tempos de mordaça desavergonhada em nome da democracia – que piada de péssimo gosto –, deixo para os leitores tirarem suas próprias conclusões.
O governo Lula é tão democrata que apoia o PL da Censura, tem uma secretaria para monitorar as redes sociais – sempre com a desculpa esfarrapada de combater o discurso de ódio – e cujo ministro mais atuante anuncia o fim da liberdade de expressão como valor absoluto. É isso que vocês queriam para salvar a democracia? Os democratas de fancaria, autointitulados liberais, guardiões da estabilidade: era disso que vocês falavam quando declararam voto a um projeto nefasto e a um sujeito que, pela lei, nem deveria concorrer às eleições?
Vamos colocar a mão na consciência e os pingos nos is. Quem votou em Lula alegando estar salvando a democracia mentiu. Se as ações desprezíveis deste governo não bastaram para que se perceba isso, a vergonhosa acolhida ao ditador Nicolás Maduro elucida qualquer dúvida.
Carlos Junior
* Carlos Junior é jornalista e estudioso profundo da história, da política e da formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.