20 de setembro de 2024

Israel lança ataques terrestres aGaza; Netanyahu diz ser começo

Hamas promete lutar até a última gota de sangue

A infantaria israelense fez seus primeiros ataques à Faixa de Gaza nesta sexta-feira
desde que os combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel no fim de semana, e o
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a campanha militar de
retaliação está apenas começando.


Israel prometeu aniquilar o Hamas depois que combatentes do grupo militante
palestino que controla Gaza invadiram cidades e aldeias israelenses no sábado,
matando 1.300 pessoas, principalmente civis, e fugindo com dezenas de reféns.
Desde então, Israel colocou a Faixa de Gaza – onde vivem 2,3 milhões de palestinos

  • sob um cerco total e a bombardeou com ataques aéreos sem precedentes. As
    autoridades de Gaza dizem que 1.900 pessoas morreram.
    Nesta sexta-feira (13), Israel deu prazo de 24 horas para mais de um milhão de
    residentes da metade norte de Gaza fugirem para o sul e escaparem de um ataque. O
    Hamas prometeu lutar até a última gota de sangue e disse aos moradores para não
    irem embora.
    O porta-voz militar israelense, contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que tropas
    apoiadas por tanques realizaram incursões para atacar as equipes de foguetes
    palestinas e buscar informações sobre a localização dos reféns tomados pelo Hamas.

Em uma breve declaração transmitida pela televisão de forma incomum após o início
do sábado judaico, Netanyahu afirmou: “Estamos atacando os nossos inimigos com
uma força sem precedentes”. E acrescentou: “Enfatizo que este é apenas o começo.”
Mais cedo, vários milhares de moradores podiam ser vistos nas estradas que saíam da
parte norte da Faixa de Gaza, mas era impossível saber seu número. Muitos outros
disseram que não iriam.


O Exército israelense disse que um número significativo de habitantes de Gaza
começou a se deslocar para o sul “para se salvar”.


“A morte é melhor do que ir embora”, disse Mohammad, de 20 anos, em pé na rua, do
lado de fora de um prédio reduzido a escombros em um ataque aéreo israelense há
dois dias, perto do centro de Gaza. “Eu nasci aqui e vou morrer aqui, sair é um
estigma.”


As mesquitas transmitem a mensagem: “Fiquem em suas casas. Fiquem em suas
terras”.


“Dizemos ao povo do norte de Gaza e da Cidade de Gaza: fiquem em suas casas e em
seus lugares”, declarou Eyad Al-Bozom, porta-voz do Ministério do Interior do Hamas,
em uma coletiva de imprensa.


“Ao realizar massacres contra os civis, a ocupação quer nos deslocar mais uma vez de
nossa terra.”


A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o pedido de Israel para que os
civis de Gaza deixassem o território era impossível de ser realizado “sem
consequências humanitárias devastadoras”, o que provocou uma repreensão de Israel,
que disse que a ONU deveria condenar o Hamas e apoiar o direito de autodefesa de
Israel.


“O laço em torno da população civil em Gaza está se apertando. Como 1,1 milhão de
pessoas podem se deslocar por uma zona de guerra densamente povoada em
menos de 24 horas?”, escreveu Martin Griffiths, chefe de ajuda da ONU, nas redes
sociais.


“TAREFA DIFÍCIL”
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que seria impossível para as
organizações de ajuda auxiliarem “um deslocamento tão grande de pessoas em Gaza”
enquanto o local permanecer sob o cerco israelense.


“As necessidades são impressionantes, e as organizações humanitárias precisam ser
capazes de aumentar as operações de ajuda.”


Os Estados Unidos, que pediram a Israel que protegesse os civis, não hesitou em
apoiar publicamente seu aliado. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca,
John Kirby, disse que uma retirada tão grande era uma “tarefa difícil”, mas que
Washington não questionaria a decisão de dizer aos civis para saírem.


“Entendemos o que eles estão tentando fazer e por que estão tentando fazer isso —
para tentar isolar a população civil do Hamas, que é seu verdadeiro alvo”, afirmou ele à
MSNBC.


A ordem de retirada de Israel se aplica à metade norte da Faixa de Gaza, incluindo o
maior assentamento do enclave, a Cidade de Gaza. A ONU disse ter sido informada de
que Israel queria que toda a população da área — cerca de metade dos 2,3 milhões
de habitantes de Gaza — atravessasse a reserva natural de Gaza Wadi, que divide o
enclave.


DESTAQUES EBC
“Civis da Cidade de Gaza, saiam para o sul para sua própria segurança e a segurança
de suas famílias e se distanciem dos terroristas do Hamas que os estão usando como
escudos humanos”, disseram os militares israelenses.


Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que é rival do Hamas, disse ao
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na Jordânia, que o deslocamento
forçado dos palestinos em Gaza constituiria uma repetição de 1948, quando centenas
de milhares de palestinos fugiram ou foram expulsos do que hoje é Israel. A maioria
dos habitantes de Gaza são descendentes desses refugiados.


Gaza já é um dos lugares mais lotados do mundo e, por enquanto, não há saída. Israel
impôs um bloqueio total, e o Egito, que também tem uma fronteira com o enclave,
até agora resistiu aos apelos para abri-la aos moradores em fuga.


O Cairo disse que o apelo de Israel para que os habitantes de Gaza deixem suas casas
foi uma violação do direito humanitário internacional que colocaria os civis em perigo.
Desde que os combatentes do Hamas atravessaram a barreira e mataram 1.300
israelenses no sábado, Israel respondeu com os ataques aéreos mais intensos de seus
75 anos de conflito com os palestinos.

As autoridades de Gaza dizem que 1.800 pessoas foram mortas, e a ONU afirma que 400.000 pessoas já ficaram desabrigadas.

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