Inflação desacelera nos EUA, mas Fed deve manter juros elevados
Por Claudia Rodrigues
Pelo segundo mês seguido, a inflação registrou desaceleração nos Estados Unidos, movimento que tem acontecido de forma bem lenta. O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) desacelerou de 0,4% em fevereiro para 0,1% em março, segundo dados divulgados hoje pelo Departamento de Trabalho americano. O índice veio abaixo da mediana das projeções do mercado (0,2%).
Apesar da desaceleração, o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia (grupos mais voláteis), segue forte e acelerou para 5,6% em 12 meses, ainda bem acima da meta de 2% ao ano do banco central americano.
Ao observar a composição do núcleo do CPI, notamos que os preços dos bens continuam tendo baixa contribuição na inflação, enquanto a inflação de serviços segue pressionando o índice. A boa notícia é que a inflação de aluguéis começou a perder força, mas serviços em geral devem desacelerar lentamente em razão de um mercado de trabalho aquecido, que puxa os salários acima da produtividade.
Mantemos nossa visão de que o Fed (Federal Reserve) deve continuar com o ciclo de ajuste de juros, com mais um aumento de 25 pontos-base na próxima reunião de maio, levando a taxa para o intervalo de 5% a 5,25% ao ano, para então terminar o ciclo de alta de juros. Este aumento vem sendo sinalizado pelas autoridades monetárias e, na nossa visão, ajudaria a assegurar a desaceleração da inflação num contexto de demanda ainda forte.
Não prevemos cortes nos juros até meados de 2024. Reconhecemos, no entanto, que o início do corte de juros pelo Fed pode ser antecipado caso haja um aperto de crédito decorrente do colapso de alguns bancos regionais nos EUA no início de março.
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank.