Segundo o diário britânico ‘The Guardian’, a unidade criminosa “é dirigida por Tal Hanan, um ex-agente das forças especiais israelenses de 50 anos que agora trabalha sob o pseudônimo ‘Jorge’, e parece ter trabalhado sob o radar em eleições em vários países por mais de duas décadas”
Uma equipe de empresários israelenses que afirmam ter manipulado mais de 30 eleições em todo o mundo usando hacking, sabotagem e desinformação automatizada nas mídias sociais foi exposta em uma nova investigação jornalística publicada com destaque, nesta quarta-feira, no diário britânico The Guardian.
Segundo o jornal, “a unidade é dirigida por Tal Hanan, um ex-agente das forças especiais israelenses de 50 anos que agora trabalha sob o pseudônimo ‘Jorge’, e parece ter trabalhado sob o radar em eleições em vários países por mais de duas décadas”. ‘Jorge’ está sendo desmascarado pelo consórcio internacional de jornalistas que produziu a matéria divulgada no prestigiado diário londrino.
‘Team Jorge’
Ainda não está definido se o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) está envolvido nos fatos desmascarados, embora uma viagem suspeita a Israel tenha sido realizada por seus familiares e assessores alguns meses antes das últimas eleições presidenciais.
Hanan e sua unidade, que usa o codinome ‘Team Jorge’, foram expostos por imagens secretas e documentos vazados para o Guardian. O empresário israelense não respondeu às perguntas detalhadas sobre as atividades e métodos do ‘Team Jorge’, mas disse:
— Nego qualquer irregularidade.
A investigação revela, ainda, detalhes extraordinários sobre como a desinformação está sendo armada pelo ‘Team Jorge’, que administra uma oferta de serviço privado para se intrometer secretamente nas eleições sem deixar vestígios. O grupo também atende a clientes corporativos.
Hanan disse aos repórteres disfarçados que seus serviços, que outros descrevem como ‘operações negras’, estavam disponíveis para agências de inteligência, campanhas políticas e empresas privadas que queriam manipular secretamente a opinião pública. Ele disse que eles foram usados em toda a África, América do Sul e Central, EUA e Europa.
Filmagem
Um dos principais serviços da ‘Team Jorge’ é um pacote de software sofisticado, chamado ‘Advanced Impact Media Solutions’, ou ‘Aims’. Ele controla um vasto exército de milhares de perfis falsos de mídia social no Twitter, LinkedIn, Facebook, Telegram, Gmail, Instagram e YouTube. Alguns avatares ainda têm contas da Amazon com cartões de crédito, carteiras de bitcoin e contas do Airbnb.
O consórcio de jornalistas que investigou o ‘Team Jorge’ inclui repórteres de 30 veículos, incluindo os diários francês Le Monde; o alemão Der Spiegel e o espanhol El País. O projeto, que parte de uma investigação mais ampla sobre a indústria da desinformação, foi coordenado pela ‘Forbidden Stories’, uma organização sem fins lucrativos francesa cuja missão é perseguir o trabalho de repórteres assassinados, ameaçados ou presos.
O trabalho inclui até uma filmagem secreta, realizada por três repórteres, que abordaram o ‘Team Jorge’ se passando por clientes em potencial, quando obtiveram as provas definitivas quanto à atuação criminosa do grupo israelense.