Evento foi realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) em 118 sedes das 27 unidades federativas do Brasil; Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, recebeu mais de 1.300 crianças e jovens com e sem deficiência
A segunda edição do Festival Paralímpico Loterias Caixa 2023 repetiu o recorde da etapa anterior, realizada em maio. Na manhã deste sábado, 23, 21 mil crianças e jovens se reuniram em 118 localidades nas 27 unidades federativas do Brasil. Durante o evento, organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), os participantes puderam experimentar modalidades paralímpicas por meio de atividades lúdicas e inclusivas.
Organizado pelo CPB desde 2018, com exceção a 2020, por causa da pandemia de coronavírus, o Festival tem o objetivo de promover uma experimentação esportiva para pessoas com e sem deficiências (até 20% do público total). Além disso, também celebra duas datas marcantes para o Movimento Paralímpico: o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado na quinta-feira, 21, e o Dia Nacional do Atleta Paralímpico, celebrado na sexta-feira, 22.
“Este sábado foi muito especial. Conectamos o Brasil inteiro em torno da causa paralímpica. Um verdadeira celebração da alegria, do esporte e da inclusão. Certamente daqui virão vários campeões a orgulhar o Brasil no futuro”, afirmou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e bicampeão paralímpico no futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008). Mizael comandou uma live, transmitida no canal de YouTube do CPB, a partir do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, onde se reuniram mais de 1.300 crianças e jovens com e sem deficiência para praticar atletismo, badminton, tênis de mesa e vôlei sentado.
O Festival também recebeu atletas paralímpicos de destaque em suas sedes. Em João Pessoa (PB), por exemplo, o evento contou com a participação do velocista e campeão paralímpico Petrúcio Ferreira. “Um evento como este é de grande importância para o esporte paralímpico. É muito legal ver essa alegria contagiante das crianças e ainda por cima termos a oportunidade de descobrirmos novos talentos na Paraíba e no Brasil inteiro. É minha terceira participação e sempre me divirto, volto a ser criança”, afirmou. O núcleo da capital paraibana recebeu mais de 250 crianças que expeimentaram o atletismo, bocha, futebol de cegos e goalball.
“Foi um dia maravilhoso, com tantas crianças com e sem deficiência se divertindo e praticando esportes aqui e no Brasil inteiro. O esporte é símbolo de cidadania, de saúde e de inclusão. Através dele, pessoas com deficiência podem ter acesso a espaços que talvez não teriam de outra forma, do ponto de vista social e econômico. Parabéns ao Comitê Paralímpico Brasileiro, que é uma referência para todos nós e que transforma vidas de seus atletas”, afirmou o secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, Marcos da Costa, durante a live promovida no CT Paralímpico.
No norte do país, a Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, foi um dos núcleos com mais participantes, 313, que se dividiram em atividades que simularam as práticas de bocha, tênis de mesa, atletismo e vôlei sentado.
Um dos participantes na capital amazonense foi Cristian Souza, 13. O jovem tem deficiência intelectual e até experimentou o vôlei sentado, mas sua paixão mesmo é o atletismo, modalidade pela qual disputou a Regional de Brasília das Paralimpíadas Escolares, em agosto deste ano. “Gosto muito do esporte paralímpico e de todos os eventos que o CPB organiza. É por causa deles que conheci o atletismo e tenho melhorado minha coordenação”, disse Cristian, que participou do Festival Paralímpico pela segunda vez. A primeira foi no ano passado.
Em Goiânia, o Festival Paralímpico aconteceu em dois núcleos e reuniu cerca de 350 crianças e jovens com deficiência no total. Somente no Centro de Referência do CPB da capital goiana, que é sediado no complexo esportivo estadual Centro de Excelência do Esporte, foram mais de 200.
Os Centros de Referência fazem parte do Plano Estratégico do CPB, elaborado em 2017 e revisitado em 2021, e têm o objetivo de aproveitar espaços esportivos em estados de todas as regiões do país para oferecer modalidades paralímpicas.
Na capital goiana, foram apresentadas as modalidades de atletismo, bocha, badminton e vôlei sentado. Entre os participantes que estrearam no Festival goiano estava o jovem Kalil Felix, praticante do badminton. Para ele, o projeto do CPB foi uma oportunidade de ter contato com novas modalidades paralímpicas.
“Estou participando pela primeira vez do Festival e conhecer outros esportes adaptados foi muito bom. Ao mesmo tempo pude incentivar outros jovens com deficiência que querem iniciar no badminton. Quero me tornar um atleta profission al no futuro”, sentenciou Kalil.
Na região sul do Brasil, Curitiba, no Paraná, recebeu cerca de 200 crianças no ginásio da Secretaria de Esportes do Estado do Paraná, nesta manhã de sábado. Os participantes puderam experimentar brincadeiras inspiradas nas modalidades do atletismo, tênis de mesa, tiro com arco e tênis em cadeira de rodas.
Para o coordenador do paradesporto do estado, Mário Sérgio Fontes, esse foi mais um dia de celebração do esporte em Curitiba. “O Festival Paralímpico Loterias Caixa é, sem dúvida, o maior evento para a entrada das pessoas com deficiência no esporte. Daqui, poderão brotar novos atletas, mas, se isso não acontecer, só de proporcionar às crianças essas atividades, já é a grande medalha que nós temos”, completa.
Novas modalidades
Cada uma das sedes do Festival ofereceu quatro modalidades para experimentação. A maior parte delas integra o programa dos Jogos Paralímpicos, mas também houve espaço para experimentação. Em Ribeirão Preto, o calor do sábado não impediu que o Centro de Referência do CPB promovesse a prática do rollerski, modalidade que é oferece ali em parceria com a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN).
Na cidade de Governador Valadares (MG), os participantes foram convidados a experimentar o skate. No Sul do país, em Porto Alegre (RS), a novidade foi o slalom em cadeira de rodas, uma corrida com desafios no percurso. Já em Barra do Garças, no Mato Grosso, os inscritos tiveram a oportunidade de vivenciar o jiu-jitsu adaptado.
O Festival foi realizado pela primeira vez em 2018, com 48 locais e mais de 7 mil crianças. Em 2019, o evento teve 70 sedes e recebeu mais de 10 mil inscritos. No ano seguinte, a ação foi cancelada devido à pandemia de Covid-19 e retornou em 2021, com 8 mil participantes em 70 núcleos. Em 2022, foram atendidas 15 mil crianças.
Já em 2023, o Festival Paralímpico passou a ter duas edições anuais. Em maio, o evento também contou com 21 mil participantes, somando um total de 42 mil inscrições acumuladas neste ano.