Ex-diretor da COPEL cobra transparência de Ratinho Jr. sobre venda de hidrelétricas
O ex-diretor da Companhia Paranaense de Energia (COPEL), Ivo Pugnaloni, lançou um apelo contundente ao governador do Paraná, Ratinho Jr., exigindo a publicação do estudo de viabilidade técnica e ambiental que embasou a controversa venda de 11 hidrelétricas do estado para o setor privado. A transação, que levanta preocupações sobre impactos ambientais e sociais, também coloca em risco a aderência aos princípios ESG (Environmental, Social, and Governance), segundo alerta do executivo.
Pugnaloni, uma voz influente no setor energético, questiona a real motivação por trás da privatização das hidrelétricas. Ele sugere que a decisão possa ser movida mais por uma ideologia de privatização do que por uma análise fundamentada nas condições do mercado. “Essa mania de entregar concessionárias públicas a particulares já virou birra ou ideologia, sem apoio na realidade do mercado”, declarou.
A polêmica decisão de vender as hidrelétricas tem gerado um intenso debate entre diversos setores da sociedade. Consumidores temem que a privatização leve a aumentos nas tarifas de energia, enquanto comunidades indígenas e ambientalistas expressam preocupações sobre os potenciais danos ambientais e sociais decorrentes da gestão privada das usinas. Além disso, acionistas da COPEL estão atentos aos desdobramentos, temendo que a falta de transparência possa afetar a imagem e o desempenho da companhia no mercado.
A COPEL, uma das principais empresas de energia do Brasil, tem um histórico de compromisso com práticas sustentáveis e responsabilidade social, o que torna a questão dos princípios ESG ainda mais crítica. Pugnaloni enfatiza que a falta de transparência na transação pode minar a confiança nos compromissos ambientais e sociais da empresa.
A demanda por maior clareza não se restringe apenas à publicação do estudo de viabilidade. Há também uma pressão crescente para que o governo do Paraná forneça informações detalhadas sobre como a venda das hidrelétricas se alinha com as metas de sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico do estado. Especialistas do setor apontam que a gestão pública de recursos energéticos tem um papel crucial na promoção de políticas que atendam ao interesse público e protejam os recursos naturais.
Ratinho Jr., por sua vez, ainda não se manifestou publicamente sobre as exigências de Pugnaloni. No entanto, a pressão por transparência e responsabilidade pode obrigar o governo a adotar uma postura mais aberta em relação ao processo de privatização.
Enquanto isso, a comunidade empresarial e a sociedade civil aguardam com expectativa os próximos passos do governo e da COPEL. A publicação do estudo de viabilidade poderia esclarecer muitos pontos nebulosos e tranquilizar os diversos stakeholders envolvidos. A venda das hidrelétricas, se mal conduzida, pode se transformar em um caso emblemático de má gestão pública e descaso com princípios de governança, meio ambiente e responsabilidade social.
A situação coloca em evidência a necessidade de um debate mais amplo sobre a privatização de ativos públicos no Brasil e os critérios que devem ser seguidos para garantir que tais operações beneficiem a população e não apenas interesses privados. O apelo de Pugnaloni ressoa como um chamado à responsabilidade e à transparência em um momento crucial para o futuro do setor energético no Paraná.