Evento aborda gestão de resíduos eletrônicos na Nave do Conhecimento da Penha
Local recebeu Ponto de Entrega Voluntária e feira de artesanatos feitos com os resíduos
A equipe Reminare do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) participou da segunda edição da Nave do Conhecimento, na Penha, no Rio de Janeiro. O evento, que aconteceu em dezembro, abordou a gestão de resíduos de equipamentos eletrônicos (REEE), sustentabilidade e riscos associados à saúde e ao meio ambiente e contou com a participação da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente – Coopama, que instalou um Ponto de Entrega Voluntário – PEV no local, ainda com a Defesa Civil do Rio de Janeiro.
Além da roda de conversa e da inauguração de um Ponto de Entrega Voluntário (PEV) de resíduos eletroeletrônicos, também foi montada uma feira de artesanato com uso de resíduos. “Com o apoio da Coopama, falamos sobre os PEVs e sobre a importância do consumidor em repensar seus padrões de consumo. Também sobre a obsolescência programada, os incentivos do mercado para o consumo exagerado, sobre a geração de resíduos eletroeletrônicos e sobre os riscos da má gestão destes resíduos Luciana Mofati, pesquisadora do grupo Reminare do CETEM.
Cerca de 30 pessoas, entre membros da comunidade, alunos de cursos ministrados na Nave e alunos da rede pública de ensino da Penha, participaram do evento. “Eles demonstraram muito interesse e fizeram várias perguntas. Ficamos muito satisfeitos em levar não somente a popularização da ciência, mas também o conhecimento a áreas que, usualmente, são menos acessíveis e sujeitas a maiores impactos como a contaminação pela disposição inadequada e pelo manuseio ilegal do resíduo”, disse ela.
Além de democratizar a ciência, Luciana também ficou muito satisfeita com a experiência e com o que viu no local. “Me senti parte de um projeto de inclusão social e digital, pois trata-se de uma área carente de recursos e com índices preocupantes de violência, mas a Nave oferece grande infraestrutura, equipamentos caros e tudo estava bem conservado e aberto para a comunidade. Assim como nós também estamos abertos a levar nossos conhecimentos a outras comunidades que tenham interesse”, destacou a pesquisadora.
Realidade dos resíduos eletrônicos no Brasil
Cálculos realizados pelos pesquisadores do grupo de pesquisa R3minare do CETEM, mostram que o Brasil gera 2,3 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos por ano. Esse número coloca o país na segunda colocação em geração de resíduos eletrônicos nas Américas, atrás somente dos Estados Unidos e em quinto lugar no mundo.
Além disso, uma pesquisa realizada pelo CETEM, com respondentes em todo o Brasil, mostrou que 85,8% das pessoas têm algum eletrônico em casa e não sabem como descartar. A maioria, 53,4% tem pilhas e baterias. Em segundo lugar, vêm os aparelhos de telefone, fixo ou celular, com 41,1% e depois aparelhos de computação, como tablets, desktops, com 39,8%. Era possível responder mais de um item, que ainda englobam aparelhos da linha branca, lâmpadas, painéis fotovoltaicos, eletrônicos de pequeno porte, entre outros.
Ainda não se tem dados consolidados sobre a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos eletrônicos, porém, a meta exigida pelo governo para esse ano é de que seja de pelo menos 6% do peso dos equipamentos colocados no mercado no ano-base de 2018. E esse percentual apesar de baixo, representa um desafio para o setor e não só financeiro, mas de gestão de recursos naturais também.
As Naves do Conhecimento
As Naves do Conhecimento democratizam o acesso ao universo digital em ambientes colaborativos e criativos. Oferecem oficinas, cursos e eventos relacionados à Informática Básica, Economia Criativa, Tecnologias da Informação, Robótica e Programação, Trabalho e Empreendedorismo.
São nove unidades, localizadas nas zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro: Engenho de Dentro, Irajá, Madureira, Nova Brasília, Padre Miguel, Penha, Santa Cruz, Triagem e Vila Aliança.