Estudantes de Nova Iguaçu trocam salas de aula par a conhecer a resistência no Dia Internacional dos Povos Indígenas
Na tarde da última sexta-feira (9), cerca de 150 alunos de escolas públicas de Nova Iguaçu, cidade localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, vivenciaram uma experiência educativa singular que transcendeu as paredes das salas de aula. Em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, os estudantes realizaram uma jornada de aproximadamente 50 quilômetros até o campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde participaram de atividades que conectaram a história, a cultura e a luta dos povos originários do Brasil.
O evento, que se destacou pela sua proposta pedagógica inovadora, proporcionou aos jovens uma imersão em debates e apresentações culturais que visavam resgatar a memória indígena e conscientizar sobre a importância da preservação dessas culturas milenares, frequentemente marginalizadas e esquecidas no contexto urbano.
Organizado por uma parceria entre as escolas públicas de Nova Iguaçu e a UFRJ, o encontro incluiu palestras de líderes indígenas, exposições de arte e mostras de filmes que retratam a realidade dos povos originários. A programação foi pensada para destacar a resistência e a sobrevivência desses povos frente às adversidades históricas e contemporâneas, como o avanço do desmatamento, a grilagem de terras e as políticas governamentais que ameaçam suas terras e modos de vida.
Durante o evento, líderes indígenas relataram suas vivências e desafios, alertando para a necessidade urgente de políticas públicas que garantam o respeito aos seus direitos constitucionais. “Este encontro é mais do que uma celebração, é um chamado à resistência e à luta pela preservação das nossas raízes”, afirmou um dos caciques presentes.
A iniciativa foi recebida com entusiasmo pelos estudantes, que, em sua maioria, nunca haviam tido contato direto com a cultura indígena. “É uma oportunidade única de aprender e entender o verdadeiro Brasil, que vai muito além do que a gente vê nos livros escolares”, comentou uma das alunas participantes.
No entanto, a atividade também gerou polêmica. Alguns setores mais conservadores criticaram o deslocamento dos alunos em horário escolar, alegando que o evento teve um caráter ideológico. Em resposta, os organizadores defenderam a importância de expandir o horizonte dos jovens, oferecendo uma educação que vai além dos muros da escola e que prepara os alunos para serem cidadãos críticos e conscientes das diversidades culturais e sociais do país.
Enquanto isso, a UFRJ, que acolheu os estudantes em seu campus histórico, reforçou seu compromisso com a educação inclusiva e o diálogo intercultural. “Nosso papel como universidade pública é exatamente este: ser um espaço de encontro, de troca e de construção de conhecimentos que reflitam a pluralidade do Brasil”, destacou um dos professores envolvidos na organização do evento.
Essa experiência certamente marcará a vida dos jovens participantes, que retornaram a Nova Iguaçu carregando não apenas o conhecimento adquirido, mas também a responsabilidade de disseminar as vozes e as histórias que ecoaram no campus da UFRJ. Em tempos de retrocessos e desafios aos direitos dos povos indígenas, eventos como este mostram-se essenciais para a formação de uma nova geração comprometida com a justiça social e a preservação da diversidade cultural do Brasil.