Especialista destaca a importância das etapas de prevenção para o combate aos cânceres ginecológicos
Estima-se que entre 2023 e 2025, mais de 90 mil mulheres brasileiras serão diagnósticas com um câncer ginecológico
Os cânceres ginecológicos continuam a ser um desafio significativo para a saúde das mulheres em todo o mundo. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as estimativas de diagnósticos de cânceres no Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, apontam para 7.310 novos casos de câncer de ovário, 17.010 novos casos de câncer de colo de útero e 7.840 novos casos de câncer de corpo de útero ou câncer de endométrio.
Dr. Jesus Paula Carvalho, médico ginecologista e secretário da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), destaca a importância de se abordar os cânceres ginecológicos não apenas através de prevenção primária e secundária, mas também considerando prevenção terciária e quaternária.
“A prevenção primária engloba medidas para evitar o surgimento da doença, como a vacinação contra o HPV. Já a prevenção secundária envolve a detecção precoce, realizada por exames como o papanicolau e testes de HPV”, explica o médico.
“No entanto, especialmente no caso do câncer de colo de útero, prevenção terciária (diagnóstico e tratamento) e prevenção quaternária (evitando danos de procedimentos desnecessários) também desempenham papéis cruciais”, pontua o especialista.
Câncer de Ovário
O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum e representa um desafio complexo. Com um número estimado de 7.310 novos casos anualmente no Brasil, o câncer de ovário muitas vezes está relacionado à ovulação e histórico familiar de câncer. As mulheres que têm mutações genéticas patogênicas também estão em maior risco. “Infelizmente, não há medidas eficazes de prevenção ou diagnóstico precoce, exceto para identificar mulheres de alto risco genético e considerar a remoção preventiva dos ovários, o que é chamado de cirurgia redutora de risco”, esclarece o médico ginecologista.
Câncer do Colo do Útero
O câncer do colo do útero é o terceiro câncer mais incidente nas mulheres. A infecção persistente pelo HPV é um fator chave para o desenvolvimento deste tipo de câncer. A prevenção primária através da vacinação contra o HPV é fundamental para reduzir os casos. A detecção precoce, seja pelo exame de Papanicolau, no Brasil, ou pelo teste de HPV, em outros países, é crucial para evitar que a doença atinja estágios avançados.
Câncer do Corpo do Útero
O câncer do corpo do útero, também conhecido como câncer de endométrio, está relacionado a fatores hormonais, como a menopausa e a obesidade. É o câncer ginecológico que mais aumenta em nosso país. A prevenção primária envolve mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios, além de estar ciente de fatores hereditários. “A detecção precoce desse câncer é possível porque este câncer apresenta sintomas muito precoces, que é o sangramento no pós menopausa. Não há um exame de rotina específico, as mulheres devem prestar atenção no sangramento após a menopausa e se isso ocorrer deve fazer o exame ginecológico e uma biopsia de endométrio”, destaca Carvalho.
Em todos esses tipos de câncer, a conscientização, a educação e o acesso a cuidados de saúde são essenciais. Com um foco contínuo na prevenção e detecção precoce, juntamente com avanços na pesquisa e tratamento, é possível trabalhar para reduzir a incidência e a mortalidade dessas doenças ginecológicas. A consulta regular com um profissional de saúde é vital para monitorar e garantir a saúde ginecológica.