Empresas do Sul ampliam busca por crédito em setembro, impulsionadas por dificuldades econômicas e perspectivas de retomada
A procura por crédito entre empresas da Região Sul do Brasil registrou um crescimento expressivo em setembro, com destaque para Santa Catarina, onde a demanda avançou 4,0%, conforme dados divulgados pela Serasa Experian. O aumento reflete o cenário de instabilidade econômica, que pressiona empresas a buscar recursos adicionais para manter operações, pagar dívidas e investir em recuperação e expansão.
A pesquisa apontou que, além de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul também apresentaram altas significativas na busca por crédito, embora em menor escala. As dificuldades enfrentadas por pequenos e médios negócios, com margens de lucro comprimidas pela inflação e pelo aumento dos custos operacionais, têm sido os principais motores dessa demanda crescente. No entanto, também há sinais de que o crédito é procurado para viabilizar novos investimentos, visando aproveitar uma esperada recuperação econômica nos próximos meses.
Especialistas acreditam que a maior procura por crédito no Sul também é motivada pela resiliência de setores tradicionais da região, como a indústria e o agronegócio, que buscam se capitalizar para enfrentar um cenário ainda instável. No entanto, o movimento também levanta preocupações, pois uma parte significativa das empresas da região já está endividada e, em muitos casos, não consegue cumprir os requisitos exigidos para a concessão de novas linhas de financiamento.
O Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian tem sido usado como um termômetro importante do ambiente de negócios, e o aumento no Sul sugere que empresas de diversos portes buscam fôlego financeiro para enfrentar os desafios econômicos e se adaptar à dinâmica de mercado. Em Santa Catarina, onde o índice de demanda por crédito foi o maior, economistas apontam que as condições financeiras das empresas refletem tanto a necessidade de sobrevivência em um cenário de custo alto quanto a expectativa de retomada do consumo, especialmente nos setores de turismo e serviços.
A continuidade dessa tendência, segundo analistas, dependerá da política de juros do Banco Central, que influencia diretamente o custo do crédito e o acesso a recursos para o setor privado. Com a taxa Selic ainda elevada, muitas empresas encontram barreiras para conseguir financiamentos a juros acessíveis, o que pode limitar o impacto positivo do crédito na economia real.
Enquanto a busca por crédito segue em alta, o crescimento da inadimplência também se torna uma preocupação. Dados recentes mostram que o percentual de empresas com dívidas em atraso continua a subir, especialmente entre pequenos negócios, que enfrentam maiores dificuldades para honrar compromissos financeiros. Dessa forma, o cenário sugere que a recuperação econômica pode ser afetada caso o endividamento das empresas no Sul siga crescendo sem medidas de suporte adequadas.
A Serasa Experian também sinalizou que o aumento na demanda por crédito pode ser um indicativo de que as empresas estão buscando se adaptar para aproveitar novas oportunidades, embora a sustentabilidade desse movimento ainda dependa de fatores macroeconômicos e de uma política de crédito mais acessível e menos onerosa para o setor produtivo.