9 de maio de 2024

Efeitos da guerra na saúde mental

Por Andrea Ladislau

Um país em caos. Israel vive em meio ao bombardeio que deflagrou uma terrível guerra que já dura mais de 4 dias e registra a morte de mais de 1.500 pessoas. Números de uma tragédia que assusta e causa comoção no mundo inteiro.

Uma nação à sombra da guerra. Uma população amedrontada por invasões aéreas, explosões e mortes em cada esquina. Crianças perdidas em busca de seus familiares ou mortas em meio aos ataques que não poupam sua inocência e fragilidade.

Pessoas tentando escapar, ou mesmo estrangeiros, muitos brasileiros inclusive, buscando fugir, na tentativa de retornar a seus países de origem. Mulheres, homens e crianças sendo assassinados e perdendo a vida diante de um intenso conflito armado entre Israel e o Hamas.

Trazendo para o equilíbrio emocional de quem passa e sobrevive por uma situação de guerra, pensamos nas consequências para a saúde mental de um indivíduo em meio a este terror.

Muitos, sem dúvida, irão apresentar sintomas relativos ao Transtorno Pós-Traumático. Um tipo de transtorno que se desenvolve após evento de natureza, excepcionalmente, catastrófica ou ameaçadora (o evento traumatizante), no qual o indivíduo começa a apresentar bloqueios ou dificuldades para desligar-se do acontecido.

A vítima deste caos pode vir a apresentar sintomas irreversíveis, como:  humor reprimido, fuga de qualquer situação ou fato que possa remeter ao trauma ou ao cenário e imagens do ocorrido, reações exageradas ao estímulo, pesadelos e episódios de pequenos flashbacks que tragam à memória lembranças repentinas da ocorrência causadora deste trauma.

Além de, alterações comportamentais como: agressão, gritos, hostilidade, isolamento social, irritabilidade, agitação, automutilação, comportamento autodestrutivo, hiper vigilância, alterações de humor seguido por raiva excessiva, insistência na solidão, sofrimento emocional, desesperança, nervosismo, perda do prazer e do interesse em realizar determinadas atividades, ataques de pânico, culpa e descontentamento geral.

Sem contar a possibilidade de sofrer episódios de depressão, medo, desconfiança, alucinações e ansiedade em alto nível. Com extrema frequência esse indivíduo sofre com pesadelos, terror noturno, insônia, privação de sono, estresse agudo, dores de cabeça e desapego emocional. E em casos mais extremos, chega a apresentar também pensamentos suicidas.

Enfim, viver uma guerra é, sem dúvida, uma situação de extrema dor que gera marcas na alma e na mente, principalmente em crianças que nunca mais irão esquecer cenas traumatizantes e dolorosas. Afinal, não é fácil sair ileso mentalmente de uma guerra.

Os danos mentais são devastadores. O principal é incutir no emocional deste sobrevivente, a confiança, a proteção e a segurança, perdidos em meio a tanta dor e tanta angústia.

Uma rede de apoio de acolhimento, caracterizados por círculos de confiança, como a família ou amigos, é fundamental para auxiliar na elevação da autoestima e da convivência saudável em ambientes de socialização.

Ou seja, é preciso muito amor, muita compaixão e sabedoria para ajudar e acolher alguém que venha a sobreviver a essa vivência dolorosa e cruel, no sentido de trazer o sorriso de volta ao rosto, além de promover sintonia entre a mente e corpo, de forma equilibrada e saudável, para que assim, consiga minimizar os efeitos de um evento traumático e conflituoso ao qual viveu.

No mais, torcemos para que cessem os confrontos e que a paz seja reestabelecida no mundo e no íntimo de cada ser humano.