Educadora antirracista cria curso de letramento racial em forma de desafio

O Desafio Letramento Racial e Prática, propõe um mergulho de 1 mês em conceitos antirracistas para que todos possam desconstruir o racismo em si e se construírem como antirracistas

Quando o papo é antirracismo, muita gente pergunta: “mas o que eu devo fazer para ser antirracista?” Uma dúvida é legitima, já que essa é uma conversa recente para a sociedade brasileira, que até pouco tempo escondia o racismo debaixo do tapete do mito da democracia racial.

A educadora antirracista, Paula Batista, que criou o desafio, afirma que para construir algo novo é preciso descontruir o racismo já internalizado. “Em uma sociedade racista, como diz Angela Davis, é necessário que sejamos antirracistas e isso passa pelo letramento racial, porém, para a nossa realidade, enquanto sociedade brasileira, precisamos que esse letramento nos leve a refletir sobre nossos aprendizados e práticas ao longo da vida – descontruir tudo isso – para então se construir um antirracista consciente.”, afirma a criadora do desafio que também é fundadora da Ser Antirracista, consultoria em diversidade equidade e inclusão racial.

O curso é chamado de desafio porque propõe que os participantes façam reflexões individuais que são verdadeiros desafios de autorreflexão para colocar em xeque certezas que precisam ser revistas em uma sociedade racista.

São ao todo 22 conceitos trabalhados diariamente em um grupo em que as pessoas podem compartilhar experiências e dúvidas. “Todos os dias pela manhã, as pessoas recebem um áudio com o conceito e uma folha de exercícios para reflexão individual. No final do dia, abrimos o grupo para que as pessoas possam compartilhar suas vivencias, impressões e dúvidas sobre o tema e eu estou no grupo para dialogar com os participantes”, conta Paula.

Dentre os temas abordados estão: Policiamento de tom, Daltonismo Racial, Aliança Ilusória, Perda de Privilégios, entre outros. Em todos os áudios a Paula compartilha uma experiência particular vivenciada por ela e que está relacionada ao tema do dia. Ela também apresenta como pessoas negras, educadores, além das pessoas brancas, podem olhar para o conceito no cotidiano.

“O curso já está na quarta edição, ele foi desenhado para todas as pessoas: negros, brancos, educadores, profissionais que trabalham com diversidade, comunicadores, pessoas que trabalham com público e, claro, todos aqueles que entendem a importância do letramento racial na própria vida”, convida a educadora.

A próxima turma do Desafio inicia no dia 17 de março. Além dos desafios diários, os inscritos podem participar de 2 aulas ao vivo: uma no início do curso e outra no final do curso, que ficam gravadas durante 1 ano. Todos os participantes também recebem certificados ao final do curso.