Educação digital: o que vai mudar a partir de 2024 dentro da sala de aula?

Com a implementação da Política Nacional de Educação Digital, escolas brasileiras precisam se adequar às diretrizes sobre o uso de tecnologias no ensino. Especialista em pensamento computacional da Mind Makers, Daniel Freitas, apresenta os principais desafios e dá dicas sobre o tema

A introdução da computação em sala de aula pela Política Nacional de Educação Digital (PNED), sancionada em janeiro de 2023, traz novas regras para o cenário da Educação Básica em 2024. De acordo com a PNED, que estabelece diretrizes e metas para a promoção do uso de tecnologias digitais no processo de ensino, as escolas brasileiras deverão, a partir do ano que vem, inserir a educação digital em seus ambientes, estimulando o letramento digital e a aprendizagem de competências fundamentais para os desafios do século XXI, como tecnologia assistiva e pensamento computacional.

Para isso, as instituições precisarão elaborar propostas de disciplinas curriculares que incorporem, em todos os eixos educacionais, tópicos como robótica e fundamentos da computação, visando estimular o pensamento criativo dos estudantes. Outra competência prevista é a cultura digital, que incentiva a criação de uma atitude crítica, ética e responsável em relação ao uso das tecnologias digitais. Assim, a partir de 2024, instituições de ensino básico de todo o país deverão promover projetos, cursos e atividades diversas que auxiliem na introdução de ferramentas e planos de aula ligados à tecnologia.

Essas mudanças curriculares acompanham transformações que já vêm impactando a vida em sociedade. A cibersegurança e o cyberbullying, por exemplo, são preocupações constantes das famílias e exigem medidas rigorosas para proteger tanto os dados dos internautas quanto o funcionamento adequado das plataformas digitais. “É primordial que o aluno tenha o conhecimento básico para entrar em contato com essas tecnologias no dia a dia de forma segura, compreendendo com profundidade o mundo digital”, afirma Daniel Carlos de Freitas, assessor pedagógico da Mind Makers.

Entretanto, essa transição não ocorre sem desafios significativos. Com a PNED, as escolas brasileiras precisarão de equipamentos, metodologias e profissionais adequados a esse novo contexto.

Como implementar a PNED em sala de aula?

O primeiro desafio está nas exigências tecnológicas necessárias para incorporar a computação de forma qualificada e eficaz nas salas de aula. Equipamentos atualizados, como computadores, tablets e acesso à internet de alta velocidade tornam-se indispensáveis. “A garantia da conectividade é um requisito fundamental para proporcionar um ambiente favorável à aprendizagem digital”, afirma Daniel Freitas. “É difícil para o aluno entender os conceitos da computação sem entrar em contato diretamente com ela”, avalia o especialista

Além disso, Freitas pontua dicas e caminhos importantes para que os resultados dessa implementação no cotidiano escolar sejam produtivos:

1.    A formação contínua dos educadores: os professores precisam adquirir competências digitais, não apenas para utilizar as tecnologias, mas também para integrá-las ao currículo de forma pedagogicamente eficaz, tornando a Ciência da Computação não apenas ferramenta auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, mas principalmente objeto de estudo. É necessário uma formação especializada e conhecimento específico para o real funcionamento das aulas. Também é fundamental que esses professores sejam exclusivos para essas aulas.

2.    Escolha de uma metodologia adequada: a maior dificuldade é montar um currículo que trabalhe determinadas habilidades e faça com que o aluno seja capaz de compreender de fato o que está sendo apresentado, inclusive aqueles que não tem nenhum grau de letramento digital. É necessário ter clareza das habilidades e competências que precisam ser desenvolvidas e definir qual a metodologia e quais as ferramentas digitais mais adequados para o estímulo dessas competências.

3.    Promover o uso seguro das tecnologias: é importante que as escolas e os professores garantam a segurança digital dos alunos, orientando seus passos no mundo digital. A disciplina deve fornecer orientações sobre proteção de dados e leis de direito digital, de forma simplificada, para o uso correto dessas ferramentas.

4.    Estímulo da liderança e da criatividade: com o suporte de metodologias ativas, os alunos podem desenvolver projetos com a aplicação de tecnologias digitais como a programação e a robótica, apoiando-se em técnicas de gamificação para desenvolver competências indispensáveis para a criação de soluções e que ajudam a desenvolver o estudante como um ser crítico e curioso.

5.    Inserir a computação em situações cotidianas: hoje, um profissional não precisa trabalhar na área da computação para entrar em contato com esta ciência.  A aprendizagem ocorre quando começamos entender por que e como usamos os meios digitais no dia a dia e quando acompanhamos as mudanças que novas tecnologias trazem no contexto social.


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