Do giz ao smart: tecnologia na sala de aula é chave para combater desinteresse e evasão escolar
À medida que a Geração Z assume o mercado de trabalho, o mundo corporativo rapidamente adapta estratégias para engajar esses jovens, que cresceram com smartphones e redes sociais. Observando o sucesso dessas práticas no setor privado, o setor educacional enfrenta um dilema: será que a tecnologia poderia revolucionar o ambiente escolar e aumentar o engajamento dos estudantes?
O cenário atual da educação brasileira é preocupante. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que 9 milhões de jovens no Brasil não completaram o ensino médio, expondo uma crise que vai além das barreiras socioeconômicas. Desinteresse pelo método de ensino tradicional é uma das principais razões para a evasão escolar, afetando mais de 20% dos estudantes entre 14 e 29 anos, que abandonam a escola devido à falta de motivação.
Especialistas argumentam que a introdução de tecnologias nas salas de aula pode ser essencial para reverter esse cenário. Ferramentas como lousas digitais, tablets, aplicativos educacionais e até mesmo plataformas de realidade aumentada têm mostrado potencial para tornar o aprendizado mais interativo, além de personalizar a experiência do aluno. Nos países onde essas tecnologias já são integradas ao ensino, o aumento no interesse e na retenção escolar é notável.
A resistência ao uso de tecnologia no ambiente educacional, no entanto, ainda persiste no Brasil, principalmente devido a limitações orçamentárias e à falta de infraestrutura em escolas públicas. A tecnologia, embora prometedora, não é uma solução mágica. Para ter impacto, precisa ser bem implementada e acompanhada de capacitação para professores e estratégias que contemplem as diferentes realidades das escolas brasileiras.
Além disso, a pandemia de Covid-19 evidenciou tanto o potencial da tecnologia quanto as desigualdades de acesso entre alunos de diferentes classes sociais. Enquanto algumas escolas particulares avançaram rapidamente na integração de plataformas de ensino remoto, grande parte das escolas públicas se viu desprovida de recursos básicos. A falta de conectividade e equipamentos adequados impediu que milhões de estudantes tivessem acesso a uma educação de qualidade durante o isolamento social, agravando ainda mais o cenário de abandono escolar.
Ainda assim, o avanço da tecnologia na educação é uma realidade em diversas partes do mundo. Experiências de países como Finlândia e Coreia do Sul mostram que a introdução de ferramentas digitais, quando integrada ao currículo e à metodologia de ensino, promove uma participação mais ativa dos estudantes. A Geração Z responde bem a ambientes dinâmicos e tecnologicamente impulsionados, onde o aprendizado acontece de forma colaborativa e interativa, semelhante ao que estão habituados fora da escola.
Para especialistas, a reforma na abordagem educacional brasileira é urgente. Aulas interativas, gamificação, uso de redes sociais para aprendizado e até mesmo plataformas de realidade virtual são alguns dos caminhos que podem ser explorados. A tecnologia, ao transformar o ambiente escolar, pode engajar mais alunos, reduzir o abandono escolar e, ao mesmo tempo, preparar a juventude brasileira para um mercado de trabalho em constante evolução.
Se o setor corporativo já adapta suas práticas para a nova geração, está na hora de a educação também romper as barreiras e substituir o giz pelo smart.