Diretor financeiro da Copel tem 900 mil ações da companhia de energia
“Pode ser legal, mas é imoral o diretor financeiro da Copel ter R$ 900 mil em ações da Companhia”, avalia deputado Arilson
O deputado Arilson Chiorato (PT), coordenador da Frente Parlamentar das Estatais e das Empresas Públicas, entrou com um pedido de informações direcionado à Casa Civil e à Controladoria Geral do Estado (CGE) sobre a aquisição de ações pelo diretor de Finanças e Relações com os Investidores da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Adriano Rudek de Moura, e o impacto dessas compras sobre o processo de privatização da estatal. O documento foi protocolado na segunda-feira (12/06).
“Pode ser legal, mas é imoral o fato do diretor da Copel ter R$ 900 mil em ações da Companhia. Ele tem informação privilegiada e sabe a melhor hora de investir! E quando eu questiono sobre isso, ainda recebo ameaças e interpelação judicial. Não vão me calar! A Copel é nossa”, afirmou em plenário nesta semana.
De acordo com o requerimento o diretor assumiu esta função de Financeiro da Copel em maio de 2017 e as aquisições de ações se deram em agosto de 2021 e março de 2022. Os valores das quantidades e valores de compra são os informados pela Copel em relatório assinado pelo próprio diretor Adriano Rudek de Moura.
No documento encaminhado à Casa Civil, um dos questionamento é sobre as informações prestadas a respeito do dia 23/03/2022, como compras de CPLE6 e CPLE11, pois não parecem compatíveis com os dados disponíveis e públicos nos informes de mercado. No dia 23 de março de 2022, o diretor Financeiro da Copel teria informado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que adquiriu 8000 ações Units da Copel – código CPLE11 (que é um agrupamento de 1 ação ordinária e 4 preferenciais) por um valor que, a princípio, não existiu, ao menos para o investidor comum.
O diretor ainda teria afirmado à CVM que adquiriu as ações de código CPLE11 pelo preço de R$ 12,075, porém o menor preço, nesse dia, dessa ação foi de R$ 36,68. Diante de informações divergentes, o coordenador da Frente das Estatais e Empresas públicas, entendeu que se faz necessário esclarecer, essas aquisições.
Preocupações de longa data
Na tribuna da Alep, o deputado Arilson, na tarde desta segunda-feira, também ressaltou que sua preocupação com a Copel vem de longa data. “Mais, uma vez, venho falar da minha preocupação com esse processo de venda da Copel. Primeiro pelo processo legislativo viciado, pois tivemos aqui uma Lei que restringe direitos econômicos e políticos dos acionistas, no que se refere à vedação de qualquer acionista ou grupo de acionistas exercer votos em número superior a 10% da quantidade de ações da Copel e contraria a lei federal 6.404/76, das Sociedades por Ações, também conhecida como lei das S.A. Segundo pelo conflito de interesse, o Estado, sócio majoritário, promoveu, pela Copel, contratação de estudo para privatizar a companhia”, disse.
“Dentro desse processo foram gastos de R$ 28 milhões, sem licitação, onde a conselheira Leila Loria, do Conselho de Administração, contratou o escritório de advocacia em que seu filho era sócio. Também reforço minha preocupação com a possível dívida da Câmara de Arbitragem Brasil – Canadá, que chega a R$3,2 bilhões”, denunciou.
O parlamentar ainda alertou sobre a emitente perda, que poderá ser gerada ao BNDES, que é o segundo sócio majoritário, com maior capital votante depois do Estado, ao ter suas ações diminuídas.