Declaração de Ana Moser sobre e-sports é um retrocesso, dizem especialistas
A ministra do Esporte, Ana Moser, na última terça-feira, 10, que o esporte eletrônico (esports) é “uma indústria de entretenimento, não é esporte”. Ela considerou que esportes eletrônicos – os jogos de videogame disputados competitivamente – não são esportes e, por isso, não investirá neste segmento.
A fala tem sido amplamente criticada por quem conhece o setor. “Descaracterizar o e-sports como esporte é fechar os olhos para um mercado bilionário brasileiro e global. Aliás, ele não é tão esporte quanto os outros em tamanho e relevância financeira, inclusive, com contratos e patrocínios, tão grande quanto o mercado de futebol”, comentou Alexandre Trinhain, sócio da Iplatam Marcas e Patentes, sobre a fala de Moser.
Para a advogada Fernanda Picosse, que atende o jurídico de vários times de e-sports, a declaração é um “absurdo do retrocesso”.
A ex-jogadora de vôlei comparou, ainda, o treino de atletas de e-sports ao da cantora Ivete Sangalo e declarou que os esportes eletrônicos fazem parte da indústria do entretenimento, assim como a música.
“Ah, mas o pessoal treina para fazer’. Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento”, disse ao portal UOL.
A declaração virou alvo de críticas e ironias da comunidade nas redes sociais, bem como de todos que conhecem esse universo profissional.
“O esport avança muito e promete crescer mais ainda. Os atletas se preparam física e psicologicamente da mesma forma”, disse Trinhaim.
A indústria dos games é a indústria criativa que mais cresce em todo o mundo. Cerca de 40% da população mundial representando 3,1 bilhões de pessoas ao redor do mundo acessam algum tipo de jogo eletrônico, conforme estudo divulgado pela DFC Intelligence .
Segundo a NewZoo , o Brasil é líder em lucratividade no mercado de games na América Latina, ocupando a 13ª posição no ranking mundial e representando cerca de 30% do mercado latino-americano. A expectativa é que o Brasil chegue a 94,7 milhões de jogadores e movimente cerca de USD 2,3 bilhões em receita em 2021, representando um incremento de 5,1% em relação aos números de 2020.