16 de setembro de 2024

Debate na ABM Week 2024 discute caminhos para superar desafios e impulsionar a competitividade do setor de siderurgia

O consultor Paulo Roberto Bertaglia, Danielle Bernardes, Gerente Executiva do Poder Executivo da CNT, Carolina Tascon, Diretora Comercial da VLI, Elias Francisco da Silva Júnior, Secretário de Assuntos Portuários e Empregos do Seport/Santos, Fernando Machado Diniz, Diretor de Comunicação e Relações Institucionais do MoveInfra, e Horacidio Barbosa Leal, Presidente Executivo da ABM, na "Mesa Redonda Integração de modais de transportes: oportunidades e desafios" (Crédito: divulgação ABM)

A logística desempenha um papel crucial na competitividade de qualquer setor, e isso é especialmente verdadeiro para a siderurgia no Brasil. Durante a ABM Week 2024, um evento de grande relevância para o setor, especialistas se reuniram para discutir os desafios enfrentados pela logística no país e as oportunidades para superá-los. Coordenada por Delmi Vicente de Carvalho, Coordenador do GT de Logística do CRAMG, e Vitor José Melo Soares, Gerente Geral de Logística da Usiminas, a mesa-redonda teve como moderador o Consultor Paulo Roberto Bertaglia. O foco da discussão foi a integração multimodal, investimentos em infraestrutura e os entraves burocráticos e regulatórios que impactam diretamente o setor.

Um dos principais pontos levantados durante o debate foi o desequilíbrio na integração multimodal de transporte. No Brasil, a logística ainda é fortemente dependente do transporte rodoviário, que representa cerca de 60% do total de cargas movimentadas. Essa dependência gera custos elevados e ineficiências, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil. A falta de uma rede ferroviária robusta e a subutilização de hidrovias são questões que precisam ser abordadas para garantir uma distribuição mais eficiente e econômica das mercadorias.

Os especialistas destacaram que a integração de diferentes modais de transporte — rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo — é fundamental para otimizar os processos logísticos. A utilização de tecnologias adequadas, como sistemas de gestão de transporte (TMS) e plataformas de digitalização, pode facilitar essa integração, permitindo que as empresas reduzam custos e melhorem a eficiência operacional.

Outro ponto crítico discutido na mesa-redonda foi a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura. O Brasil enfrenta uma carência significativa de infraestrutura adequada para suportar o crescimento do setor de siderurgia e outros segmentos industriais. Estradas em péssimas condições, portos saturados e ferrovias subdesenvolvidas são apenas alguns dos obstáculos que dificultam a movimentação eficiente de insumos e produtos acabados.

Os especialistas enfatizaram que a atração de investimentos privados e a parceria público-privada (PPP) são essenciais para revitalizar a infraestrutura logística do país. Projetos que visem melhorar a malha viária, expandir a capacidade dos portos e modernizar as ferrovias podem não apenas beneficiar a siderurgia, mas também impulsionar toda a economia nacional.

Desafios da Burocracia e Questões Regulatórias

A burocracia excessiva e as questões regulatórias também foram temas centrais do debate. Os especialistas concordaram que a complexidade do sistema regulatório brasileiro muitas vezes gera atrasos e custos adicionais para as empresas. A necessidade de simplificação dos processos e a criação de um ambiente regulatório mais favorável foram amplamente discutidas.

A digitalização dos processos logísticos e a implementação de soluções tecnológicas podem ajudar a mitigar esses problemas. A adoção de sistemas de gestão que integrem informações e permitam o acompanhamento em tempo real das operações pode reduzir a burocracia e aumentar a transparência, beneficiando tanto as empresas quanto os órgãos reguladores.

A inovação tecnológica foi um dos temas mais discutidos durante o evento. A adoção de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e big data pode transformar a logística no Brasil. Essas tecnologias permitem uma melhor gestão de estoques, previsão de demanda e otimização de rotas, resultando em uma operação mais eficiente e econômica.

Além disso, a implementação de soluções de rastreamento e monitoramento em tempo real pode melhorar a visibilidade da cadeia de suprimentos, permitindo que as empresas identifiquem e resolvam problemas rapidamente.

Outro aspecto importante abordado foi a necessidade de capacitação e desenvolvimento de talentos na área de logística. A formação de profissionais qualificados é essencial para acompanhar as inovações tecnológicas e as demandas do mercado. Programas de treinamento e parcerias com instituições de ensino podem contribuir para a formação de uma força de trabalho preparada para os desafios do setor.

Por fim, os especialistas destacaram a importância da colaboração entre os diferentes setores da economia. A integração entre empresas, governo e instituições de pesquisa pode gerar soluções inovadoras e estratégias eficazes para superar os desafios logísticos. A criação de fóruns e grupos de trabalho que promovam o diálogo e a troca de experiências pode ser um caminho promissor para o desenvolvimento do setor.

O debate realizado na ABM Week 2024 trouxe à tona questões cruciais para a logística no Brasil, especialmente no contexto da siderurgia. A integração multimodal, os investimentos em infraestrutura e a simplificação da burocracia são desafios que precisam ser enfrentados para impulsionar a competitividade do setor. Com a adoção de tecnologias inovadoras, a capacitação de talentos e a colaboração entre os diferentes atores econômicos, é possível construir um futuro mais promissor para a logística no Brasil, beneficiando não apenas a siderurgia, mas toda a economia nacional. A discussão continua, e a necessidade de ação é urgente.

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