Crise nos estoques de sangue acende alerta: apenas 1,6% da população brasileira é doadora
Com a proximidade do Dia Nacional do Doador de Sangue, celebrado em 25 de novembro, os holofotes se voltam para uma realidade preocupante: o Brasil ainda enfrenta desafios significativos para garantir estoques suficientes de sangue nos hemocentros. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 1,6% da população brasileira doa sangue regularmente, número muito abaixo do ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere entre 3% e 5%.
Em 2023, foram coletadas mais de 3,2 milhões de bolsas de sangue no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o volume pareça expressivo, ele mal cobre a demanda crescente por transfusões, especialmente durante os períodos críticos como festas de fim de ano, férias escolares e carnaval. Esses momentos coincidem com uma redução significativa no número de doadores, colocando em risco milhares de pacientes que dependem de transfusões para sobreviver.
A importância de doar agora
Cada doação de sangue, que corresponde a apenas 450 ml — menos de 10% do volume total de sangue de um adulto médio —, pode salvar até quatro vidas. O sangue coletado é separado em componentes, como hemácias, plaquetas e plasma, que atendem a diferentes necessidades médicas, incluindo emergências, cirurgias de grande porte e tratamentos de doenças graves como leucemia e anemia falciforme.
Para sensibilizar a população, novembro foi escolhido como mês de conscientização, visando aumentar os estoques antes dos períodos de baixa. “O ato de doar sangue é simples, seguro e essencial. Além de ajudar a salvar vidas, o doador ainda realiza um check-up gratuito, já que todo sangue é testado”, destacou a coordenadora de um hemocentro em São Paulo.
Quem pode doar?
Os critérios para doar sangue no Brasil são claros e abrangentes. Qualquer pessoa entre 16 e 69 anos, com peso mínimo de 50 kg e boa saúde, pode ser candidata. Jovens de 16 e 17 anos precisam de autorização dos responsáveis. Há também exigências temporárias, como um intervalo mínimo de dois meses entre doações para homens e três meses para mulheres.
Alguns impedimentos incluem estar gripado, gestante ou ter passado por procedimentos como tatuagens nos últimos 12 meses. No entanto, a maioria das restrições são temporárias, e as doações podem ser retomadas assim que as condições forem regularizadas.
Benefícios para o doador
Além da gratificação pessoal de salvar vidas, os doadores frequentes têm acesso a benefícios previstos em lei, como meia-entrada em eventos culturais e esportivos em algumas localidades e isenção de taxas de concurso público em estados que regulamentaram a medida. Mais do que isso, o gesto é uma demonstração de empatia e solidariedade, fortalecendo o senso de comunidade.
Como doar?
Interessados podem procurar hemocentros ou postos de coleta em todo o Brasil. É recomendável agendar a doação, levando documento oficial com foto e respeitando os critérios pré-estabelecidos. Para os que têm dúvidas, o Ministério da Saúde disponibiliza informações em seu site oficial e através de campanhas locais.
A mensagem é clara: doar sangue é um gesto simples, mas de impacto extraordinário. A baixa representatividade de doadores na população brasileira é uma barreira que pode ser superada com maior engajamento e conscientização. Enquanto os estoques seguem pressionados, a esperança está na mobilização daqueles que entendem que, com apenas alguns minutos, é possível mudar o destino de vidas inteiras.