Consumo inadequado de medicamentos traz riscos à saúde

Especialista alerta sobre os perigos do uso indiscriminado de remédios; Data (05/05) reforça cuidados sobre o consumo dessas substâncias

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ​​ou vendidos de forma inadequada e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.

Entretanto, consumir remédios por conta própria, sem a prescrição médica ou sem a recomendação de um farmacêutico pode prejudicar a saúde, causar reações no organismo, intoxicações e – em casos mais graves – até mesmo levar à morte, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A automedicação ainda acontece porque algumas pessoas utilizam os mesmos medicamentos que o vizinho, amigo, familiar usou quando esteve doente. Também porque julgam ter conhecimento suficiente sobre sua condição de saúde e porque dizem não ter tempo para procurar um profissional especializado”, explica Ana Carla Broetto Biazon, coordenadora do curso de Farmácia do Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão.

Contudo, ela ressalta que essas atitudes devem ser evitadas. “Nunca use medicamentos recomendados por familiares e amigos, mesmo que eles digam que tiveram os mesmos sintomas ou sinais que você. Jamais consuma remédios sem antes falar com profissional habilitado”.

Para que servem os medicamentos

Medicamentos são produtos que servem para prevenir o aparecimento de doenças, aliviar sintomas ou sinais como dor e febre, controlar enfermidades crônicas e reduzir o risco de complicações como pressão alta, diabetes e asma, recuperar a saúde e auxiliar em diagnósticos com o uso de contrastes em radiologia e outros exames.

Ana Carla salienta que toda prescrição de medicamento deve ser feita com clareza, contendo informações de qual a dose/quantidade deve ser ingerida, a periodicidade, a duração, os horários de consumo e o jeito de tomar (com alimentos ou não, antes ou depois das refeições).

Orientações básicas de saúde

Para conscientizar a população sobre esses cuidados, entidades ligadas à área da saúde criaram em 1999 o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. A data é celebrada em 5 de maio, desde então.

Na Farmácia Escola do Integrado são repassadas diversas orientações quanto ao uso de remédios e cuidados básicos. Em 2020 foram realizados 2.441 atendimentos. Em 2021, o número subiu para 3.241 e chegou a 4.675 orientações em 2022.

“Também explicamos que abrir cápsulas, dividir comprimidos, consumir além da quantidade recomendada, interromper ou alongar o tratamento sem a devida orientação podem colocar a saúde em perigo”, complementa Ana Carla, que é pós-doutora em Ciências Biológicas.

Atenção especial para crianças e idosos

A coordenadora do curso de Farmácia do Centro Universitário Integrado lembra que nem todo medicamento para adultos pode ser utilizado por crianças. “É importante orientar os pequenos sobre o perigo à saúde e para não confundir as caixas de medicamentos com doces ou balas, por exemplo. Em caso de dúvidas, eles devem perguntar a um adulto. De qualquer forma, para se evitar uma intoxicação, os medicamentos não devem ser mantidos ao alcance das crianças”.

Em relação aos idosos, os remédios atuam de forma diferenciada e podem aumentar os riscos de intoxicação e efeitos indesejados. A recomendação é prestar atenção nas queixas e nos desconfortos diferentes dos sintomas ou sinais da doença tratada e informar esses efeitos ao médico ou farmacêutico.

Outro ponto de atenção é para quem tem problemas de visão e perda de memória. Em virtude da idade avançada, os idosos podem confundir as embalagens – principalmente as que têm forma ou aspecto semelhante – ou ingerir os medicamentos em duplicidade. Por isso, a indicação é que filhos ou cuidadores acompanhem a administração de remédios para esse público.

Cuidados ao guardar

Segundo a Anvisa, os medicamentos devem ser guardados em locais adequados, ficar sempre protegidos da luz, da umidade e do calor para não alterar suas propriedades. Por isso, eles não devem permanecer no banheiro, na pia ou lavatório, na cozinha ou no carro.

A orientação é que os remédios sejam mantidos em locais protegidos de insetos e roedores, longe de alimentos, de produtos químicos, de limpeza, fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Para medicamentos termolábeis (que precisam ser guardados em geladeira) a recomendação é guardá-los em caixa plástica fechada, na parte interna da geladeira (nunca na porta e no congelador) para evitar variações de temperatura ou solidificação.

“Outro cuidado que passamos é para não reutilizar frascos ou recipientes vazios de medicamentos para outros fins, nem usar outros recipientes para guardar medicamentos. Eles devem permanecer em suas próprias embalagens originais e com a bula”, enfatiza Ana Carla.

Descarte no lugar certo

Os medicamentos têm substâncias que podem ser tóxicas ou se tornar tóxicas após a sua decomposição. Quando jogados em locais inadequados – como lixo ou sistema de esgoto – eles contaminam a água e o solo, podem afetar peixes e outros organismos vivos, além das pessoas que bebem dessa água ou se alimentam desses animais.

O procedimento também coloca em risco quem entra em contato direto com o resíduo, como garis e catadores. No caso dos antibióticos, o descarte incorreto também pode contribuir para aumentar a resistência bacteriana.

Quando há sobras de medicamentos, o melhor a fazer é descartá-las nos postos de coleta em farmácias, drogarias, unidades de saúde e hospitais que prestam esse serviço.

“Evite guardar remédios para uso posterior, principalmente no caso de líquidos cuja embalagem já foi violada. Isso porque, mesmo estando dentro do prazo de validade, o produto pode ter sido armazenado de forma inadequada e não estar em boas condições para o consumo. Nunca tome medicamentos que mudaram de cor, textura ou cheiro, que tenham características diferentes daquelas descritas em bula”, completa Ana Carla Broetto Biazon.


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