Conheça cursos e materiais gratuitos que valorizam as tradições dos Povos Indígenas
Biblioteca digital oferece materiais e ferramentas digitais gratuitas que apoiam o trabalho dos docentes na preservação e valorização dos povos originários
Utilizar banha de cobra para tratar de feridas, usar corda e cipó para a criação de uma tehêy (instrumento de pesca pataxoop) e a fruta jenipapos para pinturas corporais são alguns dos costumes transmitidos por gerações de indígenas. Mesmo que essas tradições permaneçam vivas dentro das comunidades, a falta de conhecimento sobre esses costumes tornam essas práticas alvos de preconceitos.
“Utilizar ervas ou banha de cobra para fins medicinais parece uma cena boba, mas é uma dessas lições em relação à valorização que devemos dar para a medicina tradicional indígena. É preciso parar com essa ignorância, com o preconceito, olhar para isso com melhores olhos, sabendo que há bons resultados que precisam ser reconhecidos”, conta o escritor e professor Yaguarê Yamã.
O autor foi um dos participantes da série de encontros “Jenipapos: Redes de Saberes”, realizada pelo Itaú Social e pelo instituto “Mina – Comunicação e Arte”. Nessas atividades, também estiveram presentes grandes nomes da literatura indígena e negra, como Conceição Evaristo, Ailton Krenak, Daniel Munduruku, Dona Liça Pataxoop, Dona Vanda Pajé, Eliane Potiguara e Julie Dorrico.
“A escola é um espaço privilegiado para combater preconceitos contra manifestações culturais. A aprovação da lei 11.645/08, que trata da inclusão do estudo da história e cultura indígena na escola, foi um importante avanço no ensino que valorize as tradições dos povos originários, no entanto, ainda há um longo caminho para percorrer até chegarmos ao objetivo da equidade racial na educação”, comenta a gerente de Implementação do Itaú Social, Cláudia Sintoni.
A série de debates resultou na criação dos cursos “Jenipapos – Literatura de Autoria Indígena” e “Jenipapos – Redes de Saberes”, oferecidos gratuitamente no ambiente de formação do Itaú Social, o Polo. Ambos despertaram o interesse de mais de 11 mil pessoas, sendo que mais da metade são professores.
“Procuramos dar um olhar de maior representatividade para as culturas indígenas, trazendo para o centro do debate os saberes e a pedagogia indígena, para que a gente veja que é possível fazer uma interlocução, criar uma ponte entre os diferentes saberes. Queremos mostrar que podemos sim, construir uma educação transformadora”, explica Daniel Munduruku, um dos participantes da série e escritor selecionado três vezes pelo prêmio Jabuti.
Biblioteca digital
Ao longo de 2023, o acervo digital Anansi – Observatório da Equidade Racial na Educação Básica incluirá materiais com sugestões de como valorizar a cultura e tradições indígenas, quilombolas e afro-brasileiras dentro e fora da escola. Entre os produtos está o aplicativo “Educaya”, que apresenta pontos históricos que tiveram relação com a comunidade negra e indígena no território do Cariri Cearense.
Todos os materiais da plataforma são fruto de pesquisas aplicadas desenvolvidas entre 2020 e 2022 em escolas públicas de todas as regiões do país. A realização desses projetos pedagógicos contou com o apoio do Edital de Equidade Racial, do Itaú Social e Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades).
Polo
Além das formações gratuitas e certificadas, o Polo também disponibiliza um acervo de conteúdos referentes à educação pública. São 260 arquivos com acesso aberto e gratuito, entre artigos, infográficos, estudos, pesquisas e galerias. Conta ainda com a seção editorial, que traz análises sobre temas desafiadores do setor, como equidade racial, pandemia, fortalecimento das vozes indígenas, monitoramento e avaliação.
Em agosto de 2022, recebeu a medalha de prata do prêmio internacional Brandon Hall – Exccellence Awards 2022 na categoria: “Best Advance in Learning Technology Implementation / Melhor Avanço na Implementação de Tecnologia de Aprendizagem”.