como conversar com as crianças sobre os ataques à Escolas?
Psicanalista explica que participação dos pais é fundamental
Por Andrea Ladislau
Os últimos acontecimentos relacionados aos atos violentos nas escolas, no mínimo, geraram pânico e muito medo na comunidade acadêmica, nas famílias, nos alunos e na população em geral. Não tem sido fácil lidar com as notícias e com a insegurança.
O pouco de comentários e informações que as crianças e os jovens estão consumindo sobre os fatos, já são suficientes para que se sintam perdidos e amedrontados em meio a toda a repercussão dessa tragédia. O que fazer para auxilia-los diante de sentimentos tão desconfortáveis?
É nítida a reação de estresse aguda e traumática, resposta da hiper vigilância e o estado de alerta que rompeu o nosso senso de segurança. Jovens e crianças sentem, sofrem, se enlutam e não são alienados ao mal estar do mundo.
Possuem a consciência real e o reconhecimento de outras crianças. Afinal, as crianças são vulneráveis, precisam de proteção, se apavoram com o desamparo e a ameaça.
Assim como os adultos, as crianças podem sofrer de ansiedade e desequilíbrios emocionais por se depararem com situações traumáticas como essa. Tanto que, muitos relatos já dão conta de que algumas crianças e jovens, assustados com os ataques, entram em crise de choro só de pensar em ir para a escola.
Muitos estão questionando os pais sobre o que devem fazer se entrar alguém na escola para matá-los. Outros, começaram a pensar planos para se defender. As crianças estão sofrendo, principalmente, por
perceberem o medo e a ansiedade os pais.
Portanto, precisamos ser responsáveis pela saúde mental de nossas crianças e protegê-los de qualquer dano emocional.
Algumas famílias entendem que conversar com as crianças pode traumatizar ainda mais. No entanto, elas estão em um mundo em que elas são expostas de maneira visceral a tudo o que acontece. Neste sentido, o diálogo é fundamental.
Os pais precisam superar a perspectiva ingênua de acreditar que a violência na escola é algo relativo ao ambiente escolar. Observar e estar atento aos sinais de apreensão e medo que a criança passa a emitir, também ajuda a dosar a conversa. O acolhimento se faz necessário para que possa escutar os medos e as impressões.
A partir dessa escuta, os adultos podem, de alguma maneira, contribuir para uma ampliação da compreensão da criança sobre aquilo que ocorreu, respeitando a idade e compreensão cognitiva de cada uma. Se colocar à disposição para responder as perguntas delas também é importante. É fundamental que os adultos não neguem às crianças a possibilidade de sentir e se emocionar. É preciso que as famílias estejam dispostas para essa conversa, sem gerar pânico nos filhos, evitando dar exemplos com riqueza de detalhes macabros para não alarmar e apavorar ainda mais.
Portanto, esses episódios desequilibram e chocam a todos. Porém, precisamos não elevar a fobia e alimentar o terror que as Fake News propagam. Ou seja, se a criança verbalizar o medo, acolha-a dando atenção ao que está comunicando a você e fazendo perguntas a respeito do que ela sabe.
Ofereça um colo. Mostre que ela não está sozinha em momento algum. Procure estabelecer um diálogo muito claro, transparente e seguro e transmita segurança nesse momento. O importante é que seu filho compreenda o que é real e o que é fantasia.
Além disso, estar alinhado com as políticas de segurança da escola e demonstrar isso ao seu filho, também facilita a construir a sensação de acolhimento e proteção que a criança e o jovem buscam neste momento triste e traumatizante para todos.
Andrea Ladislau, formada em psicologia e com pós e mestrado em Psicanalista